Não é só Mano Menezes quem tem o futuro em xeque no Inter após a derrota no clássico Gre-Nal, a quinta consecutiva. Os membros do departamento de futebol também estão sob análise do presidente Alessandro Barcellos. Mudanças devem ser anunciadas nesta segunda-feira.
O dia será de reuniões no CT Parque Gigante. Ainda sem hora definida, o mandatário e seus pares avaliarão o futuro do treinador. Entende-se que o trabalho esgotou e que não há mais nada para extrair do elenco. Inclusive, alguns atletas ficaram constrangidos com as declarações do comandante após o jogo.
A demissão do técnico obrigaria o clube gaúcho a pagar a multa rescisória de, aproximadamente, R$ 1 milhão. A direção estuda maneiras de dar avanço às mudanças sem precisar bancar o valor estipulado pela quebra de contrato. Fonte disseram ao ge que a tendência é pela saída de Mano.
William Thomas, executivo de futebol, Felipe Becker, vice de futebol, e Sandro Orlandelli, coordenador técnico, também estão sob pressão e sofrem contestações internas. Os dirigentes são outros sob risco de deixar o clube, a depender das conversas entre Barcellos e o Conselho de Gestão.
As iminentes mudanças são debatidas às vésperas da viagem para Caracas, na Venezuela, onde a equipe terá uma decisão contra o Metropolitanos, na quinta-feira, pela Libertadores. Se a saída de Mano for confirmada, a equipe será comandada por Cauan de Almeida, auxiliar da comissão permanente.
Tensão no vestiário colorado
A derrota no Gre-Nal 439 aprofundou a crise. O que estava ruim, piorou ainda mais no vestiário da Arena. Depois da quinta derrota seguida, direção, comissão técnica, jogadores e estafe participaram de uma nova reunião. Houve forte cobrança.
Mais de uma hora depois do fim da partida, William Thomas, executivo de futebol, apareceu para conceder entrevista coletiva e nas respostas expôs Mano. O dirigente evitou confirmar a presença do treinador na Venezuela para comandar o time diante do Metropolitanos.
– O processo pós-jogo é de avaliar o jogo. Todos queremos mudanças. Há várias formas de mudar. O Mano é o técnico nesse momento. O respeitamos. Continuaremos conversando e definiremos os próximos passos – disse.
Mano Menezes técnico Inter — Foto: Ricardo Duarte/Divulgação, Internacional
O discurso de William, minutos antes da entrevista de Mano, deixou o treinador em situação constrangedora. Questionado sobre o futuro, o chefe da comissão técnica ficou irritado. Chegou a dizer que o executivo poderia voltar e se explicar para dissipar as dúvidas.
– William não confirmou? Cadê o William? Precisamos fazer uma nova entrevista? Vocês querem perguntar de novo a ele – declarou, antes de completar. – Sobre permanência, vocês falam com ele e eu falo sobre o jogo. Aí fica justo para todos.
Nos bastidores, a posição do executivo também causou incômodo. Mesmo que Mano tenha o futuro incerto, há o entendimento que era momento de respaldar o profissional e apontar que não se debate o tema com a cabeça quente. O clima parece só piorar no vestiário colorado.
A implosão do departamento de futebol colocaria apenas Barcellos com posição de destaque. O que não é visto como problema. O presidente tem estilo centralizador e controla as ações, como figura corriqueira nos meandros do Centro de Treinamentos do Parque Gigante.
A segunda-feira será agitada na Avenida Padre Cacique. Barcellos precisará discutir com os pares qual o futuro do Inter. A viagem a Caracas está marcada para terça e ainda não há definição de quem embarcará. (GE)