Com o intuito de discutir sobre a educação inclusiva nas escolas da rede pública de Cuiabá, as vereadoras Maysa Leão (Republicanos) e Michelly Alencar (União Brasil), realizaram nesta quarta-feira (05), a audiência pública: “Educação e Terapias Oferecidas no Município para Crianças e Jovens com Deficiência”.
Em pauta, a cobrança para que haja um tratamento adequado aos alunos com deficiência, a luta dos pais de crianças autistas para incluí-las no ambiente escolar, a capacitação e disponibilização de atendimento das Cuidadoras de Alunos com Deficiência (CADs) nas escolas, necessidade de salas multidisciplinares e acompanhamento humanizado por parte da Prefeitura de Cuiabá.
“Temos vivido muitas batalhas. A gente sabe que nossos filhos estão sendo barrados nas escolas públicas e privadas, estão sendo excluídos de ambientes coletivos. A gente vai debater, a gente vai insistir, cobrar e conseguir que eles de fato sejam incluídos, aceitos. Aos poucos estamos avançando e tenho certeza que em 2024 vamos voltar com celebrações e com mais demandas”, ressaltou a vereadora Maysa Leão, que também é mãe de um adolescente com autismo.
A audiência foi marcada pelo relato dos pais atípicos e suas experiências de diferença quando há atendimento adaptado e acompanhamento da evolução do aluno, assim como o acolhimento. Jane Selma Barbosa, é servidora pública e mãe de um menino de nove anos, diagnosticado com autismo nível 2. Segundo ela, é necessário que o poder público tenha um olhar mais abrangente sobre as mães e seus filhos no ambiente escolar.
“Eu consegui ter condições de auxiliar o meu filho aos poucos buscando caminhos para amenizar a situação, como a equoterapia, mas eu sinto na pele a dor de outras mães que não têm apoio desde o momento do diagnóstico. Hoje me sinto em luto pela falta de tratamento e educação inclusiva por essas crianças com graus de autismo diferentes que exigem mais dedicação e muitas vezes têm a matrícula barrada”.
O químico Edson Ratinho é morador do Verdão e também destacou suas dificuldades.
“Meu filho tem seis anos, é autista, e há um ano estou nessa luta. Se eu já me sinto esgotado, imagine quem passa por isso há 10 anos. Todo o suporte que precisei só consegui no particular, porque pelo município, infelizmente, nada. Eu vi a evolução dele diariamente. Até hoje estou na fila de espera do Centro de Reabilitação Dom Aquino Corrêa (Cridac), e até hoje, não o chamaram para nada. Não temos nenhuma terapia, nenhum neurologista ofertado pelo município”, contou Edson.
A vereadora Michelly Alencar destacou a coragem e perseverança dos pais e de todos engajados nesta causa.
“Temos o sentimento de um futuro melhor e que ele só vai acontecer, se não formos indesistíveis. Quando comecei a militar neste assunto, eu ouvia de muitas mães que elas não tinham a opção de desistir, porque se tratava dos filhos delas. Eu vou passar, a Maysa vai passar, mas a nossa luta não. Não iremos desistir até que os nossos direitos sejam cumpridos”, afirmou a vereadora.
Também participaram da audiência a coordenadora técnica de Saúde Mental, Darci Silva, a defensora pública Rosana Leite, Solanyara da Silva, coordenadora do curso de especialização em atenção e saúde da pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), pela Escola de Saúde Pública de Mato Grosso, Juliana Caobianco, fisioterapeuta especialista em equoterapia, a presidente da Associação de Amigos dos Autistas, Neurodiversos e Pessoas com Doenças Raras de Mato Grosso (Amand-MT), Helena Glaziela, e o vice-presidente da Amand, o advogado José Samuel Sampaio de Souza.