Dois de abril marca o Dia Mundial da Conscientização da Pessoa com Autismo, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2017. O Transtorno do Espectro Autista (TEA), como é chamado, é uma condição caracterizada por comprometimento na comunicação e interação social, associado a padrões de comportamento restritivos e repetitivos.

Para esclarecer um pouco mais sobre o autismo e suas características, a reportagem  conversou com a especialista em análise comportamental ABA- Autismo, Elizabeth Pereira. Ela explica sobre esse distúrbio de neurodesenvolvimento, que ainda é carregado de desinformação e preconceito.

Pessoas com o transtorno ainda enfrentam muitas dificuldades, principalmente na questão da comunicação, da interação social e do comportamento.

“A introdução de uma pessoa autista na sociedade pode ser facilitada, se tudo for feito como pede a lei. Fazer valer as políticas públicas que envolvam a educação, a saúde pública, o esporte, e que essas pessoas tenham acesso à terapia com equipes multidisciplinares, mas nem todos têm condições financeiras para assumir esse custo. É fundamental que o governo dê acesso a terapias gratuitas a todas essas questões que envolvem o desenvolvimento do ser humano”, argumenta a especialista.

O TEA é um transtorno de neurodesenvolvimento, que nasce com o indivíduo e o acompanha até o fim da vida. Alguns são mais leves, outros mais rigorosos, contudo a condição afeta o paciente e toda família.

Especialista em análise comportamental ABA- Autismo, Elizabeth Pereira

“É necessário que se conscientize a família, que haja informações a respeito, como lidar, como buscar ajuda, pois todo ser evolui e os autistas também evoluem”, explica.

Por isso é preciso perceber a criança, principalmente os sinais que o TEA pode apresentar, para facilitar o diagnóstico e não atrapalhar seu desenvolvimento. Elizabeth explica quais são esses sinais, que facilitam na identificação.

“São três sinais, chamados de tríade, a qual é a comunicação social, quando a criança não faz contato visual, não consegue se comunicar pela linguagem oral. Os movimentos repetitivos e estereotipados, que a criança reproduz com os braços e pernas com agitação. E a disfunção sensorial, que é a criança que não suporta muito o som, tudo para eles é muito intenso, não consegue conviver com muito estímulo visual e auditivo”, detalha.

Após a percepção dos pais, o recomendado é consultar um especialista. Geralmente um neuropediatra e um profissional capacitado como uma psicólogo, fonoaudiólogo e um terapeuta ocupacional para estabelecer os critérios para diagnóstico e tratamento.

“Muitas vezes a família fica relutando em pedir ajuda e isso atrapalha muito o desenvolvimento do autista”, destaca a profissional.

Além desse acompanhamento, as pessoas diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) possuem direitos estabelecidos por lei, como a Lei Berenice Piana, de 2012, que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.

Dentro das escolas, professores estão se qualificando para trabalhar não só essa adaptação curricular, mas também o manejo, a maneira de como lidar com essas crianças.

“Dentro das escolas precisa haver o Planejamento Educacional Individualizado, porque cada criança aprende de uma forma, a presença de uma monitora ou acompanhante para estar com esse aluno, e as adaptações do conteúdo, da grade curricular, da maneira que a criança possa aprender e a evoluir”, conta.

“Se todos começarem a se informar de como lidar, de como fazer o major e como aproveitar as habilidades deles, o preconceito seria menor e seria mais fácil de fazer essa integração deles dentro da sociedade”, finaliza Elizabeth Pereira.