O Inter testou a sorte ao longo do primeiro trimestre. Sem um padrão de jogo durante todo o Gauchão, o time de Mano Menezes ainda apresentou uma nova fragilidade, o desequilíbrio emocional, e parou no Caxias na semifinal do estadual, instaurando uma crise precoce no Beira-Rio. Após a partida, houve protesto da torcida, com o presidente Alessandro Barcellos e o técnico como principais alvos.

O empate em 1 a 1 com o Caxias, com derrota nos pênaltis por 5 a 4, confirmou um roteiro que se repete no time de Mano Menezes ao longo do início de 2023. O Colorado até constrói boas jogadas, como o gol de Mauricio, aos 19 minutos da etapa inicial, mas não consegue ter regularidade e mostra fragilidade defensiva.

O gol de Eron saiu em uma falha coletiva. Após troca de passes do Caxias em frente à área colorada, Gabriel Baralhas foi driblado por Jean Dias, que cruzou de canhota. A zaga não tirou. Gabriel Mercado, que marcava Eron, permitiu que o rival se desmarcasse e aparecesse às costas para empatar de cabeça, já nos acréscimos, aos 47 do primeiro tempo.

— Não podemos cometer este tipo de erro, que custa uma classificação. Quando você perde com inferioridade, busca a solução. Agora não é. Tivemos condição de vencer, mas não vencemos. Tomamos um gol no fim do primeiro tempo — lamentou o presidente.

Após o intervalo, o Inter até subiu de produção. Wanderson acertou o travessão, Alan Patrick incomodou Bruno e Pedro Henrique colocou velocidade. Chegou a deixar Estêvão quase embaixo da trave para colocar o time na final, mas o meia perdeu.

Ocorre que a equipe também cedeu espaços e poderia ter sido derrotado no tempo normal, com as finalizações de Dudu Mandai e Pedro Cuiabá.

A dificuldade de construir o resultado evidenciou a falta de equilíbrio emocional. A expulsão de Carlos de Pena surgiu como estopim. Mercado, Mano, Mauricio, Alan Patrick e Alemão também foram punidos com cartões pela arbitragem.

Queda nos pênaltis e vergonha com briga

Vieram os pênaltis. O Inter, que se especializou em ser eliminado nestas circunstâncias, tratou de manter a escrita, com a quinta queda em sequência. Alan Patrick, Pedro Henrique, Alemão e Matheus Dias converteram, mas Estêvão errou. Como Keiller não defendeu um sequer, mais uma frustração aos 37.182 presentes. Durante as cobranças, Matheus Dias ainda levou vermelho ao discutir com Guedes.

— Pedir desculpas. Estamos indignados por não conseguir cumprir o planejado e chegar ao título — manifestou Alessandro Barcellos.

Se faltou futebol e eficiência nos pênaltis, sobrou confusão. Após Wesley marcar e começar a festa do Caxias, os colorados ficaram indignados e promoveram uma briga generalizada. Mercado e Moledo iniciaram a correria, com as parcerias de Alan Patrick, Bustos, Lucas Ramos, Felipe e Nico Hernández. O capitão colorado reconheceu que esteve envolvido no tumulto.

— Eu como homem reconheço que falhamos. Deveríamos ter tentado controlar um pouco as emoções para não gerar essa confusão toda. É triste, lamentável — declarou o camisa 10.

A confusão ficou generalizada, com empurrões, socos, voadoras e pontapés. O ambiente de selvageria teve a invasão de um torcedor com a filha no colo que agrediu um jogador do Caxias e o cinegrafista da RBS TV, Gabriel Bolfoni.

— Entendemos a indignação da torcida, mas não aprovo violência. O Inter já demonstrou em outros momentos com uma postura muito rígida. Não será diferente agora, com identificação e encaminhamento às autoridades públicas para servir de exemplo — repudiou o mandatário.

Tensão com protestos

Imerso na crise, o Inter sofreu com a ira dos fãs. Após a partida, aproximadamente 20 torcedores se posicionaram em frente ao portão da área VIP do estádio para protestar. Gritos de sem-vergonha, jogadores mercenários e xingamentos ao presidente Alessandro Barcellos formavam cânticos.

O dirigente era a síntese da frustração. Com o semblante visivelmente abatido, caminhava de um lado a outro cabisbaixo durante a entrevista do treinador e passava a mão no rosto.

A tensão seguiu até quase duas horas após a partida. Um grupo de colorados aguardava o grupo, que saiu do vestiário por volta das 22h30. Os xingamentos e cantorias de protestos seguiram. Desta vez, com Mano como o principal alvo.

O técnico não corre risco de perder o emprego, mas precisará dar explicações pela queda precoce e a baixa em relação ao segundo semestre do ano passado. Envolto na crise, o Inter terá que juntar os cacos a partir de terça-feira, quando ocorrerá a reapresentação.

— O Mano falou e sabemos que as cobranças serão bem maiores. Não pode ser diferente. Assumimos. Temos que encontrar as soluções aqui dentro. Foi aqui que tivemos um desempenho muito melhor que este do início do ano — completou Barcellos.

A folga de segunda servirá para reflexão e acompanhar o sorteio da fase de grupos da Libertadores. O evento ocorrerá às 21h (horário de Brasília), em Luque, na Grande Assunção, no Paraguai. (GE)