O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) denunciou o ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, e outras 10 pessoas envolvidas no caso de suposto desvio de R$ 3,2 milhões em remédios que não foram entregues nas unidades da capital. A denúncia foi protocolada na Justiça na sexta-feira (24).
À reportagem, a defesa de Célio Rodrigues informou que não foi notificada e aguarda a apreciação da Justiça sobre o caso. O advogado ainda disse que o ex-secretário é inocente de todas as acusações.
Em janeiro, Célio da Silva foi alvo da Operação Hypos em que investigou um suposto esquema que teria se instalado na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, em 2021. Conforme a investigação, em tese, foram autorizados pagamentos para uma empresa que não possuiria sede física no local informado em seu registro formal, o que levou à suspeita de que seria uma empresa fantasma com sócios administradores laranjas.
Na denúncia do MPMT, a empresa envolvida na compra dos remédios seria de fachada, de acordo com as provas indicadas no processo, na qual apontam para a inexistência da empresa, como ausência de endereços, de contatos telefônicos e de autorização para venda de medicamentos junto aos órgãos de fiscalização.
Além disso, a polícia encontrou indícios que sugerem que os pagamentos foram para a aquisição de medicamentos que, a princípio, não possuíam comprovação de ingresso na farmácia da Empresa Cuiabana de Saúde Pública e que nunca teriam chegado ao estoque.
Na segunda-feira (13), a Justiça manteve a prisão preventiva de Célio. Em depoimento, ele negou que tenha feito qualquer licitação, mas falou em compras “atípicas” no período em que esteve à frente da Empresa Cuiabana de Saúde Pública.
Em 2020, época em que Célio estava à frente da secretaria, unidades de saúde chegaram a suspender os atendimentos por falta de medicamentos e insumos básicos.
Célio Rodrigues, ex-secretário de Saúde de Cuiabá, é preso em Cuiabá — Foto: Luiz Vieira/TVCA
Prisão de ex-secretário
Célio Rodrigues foi preso, na quinta-feira (9), por suposto esquema na Empresa Cuiabana de Saúde Pública. Na casa dele, a polícia também apreendeu R$ 30.962 mil em dinheiro.
Em outubro de 2021, ele já havia sido preso pela Polícia Federal na segunda fase da Operação Curare, por suspeita corrupção e lavagem de dinheiro com desvios de recursos da Saúde. Na primeira fase, ele foi exonerado do cargo.
O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então secretário e o proprietário do grupo empresarial investigado.
À época, Emanuel Pinheiro (MDB) também foi afastado da função por ordem da Justiça e o chefe de gabinete da prefeitura, Antônio Monreal Neto, foi preso temporariamente, também por fraudes na Saúde.