A mãe de Luiz Carlos Souza Barbosa, de 33 anos, sobrevivente da chacina em um bar de Sinop, no norte do estado, contou ao g1 que o filho se jogou em um matagal, em um terreno baldio ao lado do estabelecimento, para se salvar dos assassinos. Além dele, Raquel Gomes de Almeida, que era tia de Luiz, também sobreviveu ao crime.

À reportagem, Marli Almeida de Sousa, que também é tia de Larissa Frasão de Almeida, de 12 anos, e irmã de Getúlio Rodrigues Frasão, mortos na chacina, afirmou que a menina correu atrás do primo, mas foi baleada pelas costas.

“O Luiz conseguiu correr e a menina foi na direção dele, mas acabou atingida nas costas. Ele se jogou no mato, em um terreno baldio e, de lá, mandou mensagem e avisou a família”, disse.

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Getúlio Rodrigues Frasão e a filha Larissa Frasão, 12 anos, estão entre as sete vítimas da chacina de Sinop

Segundo Marli, o filho trabalhava e morava junto com Getúlio, Raquel e Larissa, e está muito abalado com tudo o que aconteceu.

“Eles eram como irmãos. Como eles têm idades parecidas, sempre foram muito próximos”, contou.
Marli mora em Governador Nunes Freire (MA) e, segundo ela, os corpos do irmão e da sobrinha foram encaminhados à cidade, onde serão sepultados. O filho e a cunhada também devem voltar a morar no município, que fica a cerca de 225 km da capital, São Luís.

A família disse ainda que Luiz tentava construir uma vida em Mato Grosso devido à uma crise financeira que passava no Maranhão. A mulher dele estava a caminho de Sinop, onde moraria com o esposo, quando ocorreu o massacre.

Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, foram identificado como os autores do crime — Foto: Reprodução

Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, já morto, são os autores do crime  

Edgar Ricardo de Oliveira, de 30 anos, e Ezequias Souza Ribeiro, de 27 anos, mataram sete pessoas por não aceitarem perder um jogo de sinuca a dinheiro, de acordo com o delegado Braulio Junqueira. Na manhã desta quinta-feira (23), Edgar se entregou e foi preso pela polícia. Já o comparsa Ezequias morreu nessa quarta-feira (22) em confronto com a Polícia Militar de Mato Grosso.

Vítimas foram mortas em um bar, em Sinop, a 503 km de Cuiabá, na tarde dessa quarta-feira (21). — Foto: Reprodução

Vítimas foram mortas em um bar, em Sinop, a 503 km de Cuiabá, na tarde dessa quarta-feira (21). — Foto: Reprodução

Vítimas da chacina:

  • Larissa Frasao de Almeida, de 12 anos (filha de Getúlio, que também foi morto, e de Raquel Gomes de Almeida, que sobreviveu à chacina).
  • Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos (pai de Larissa e marido de Raquel Gomes de Almeida, que sobreviveu à chacina);
  • Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos, cliente do bar;
  • Adriano Balbinote, de 46 anos, cliente do bar;
  • Josué Ramos Tenório, de 48 anos, cliente que parou para assistir a partida de sinuca
  • Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos
  • Elizeu Santos da Silva – 47 anos (ele chegou a ser socorrido com vida, mas morreu no hospital)

Entenda o crime

As câmeras de segurança do bar registraram o momento da execução. Nas imagens, é possível ver quando Ezequias, de camiseta azul, armado com uma pistola, rende as pessoas e as leva para perto de uma parede. Enquanto isso, Edgar, de camiseta listrada, pega uma espingarda, calibre 12 mm, na caminhonete estacionada em frente ao estabelecimento e retorna, atirando várias vezes.

A adolescente, depois de vários disparos, tenta correr para fora do estabelecimento. Ela e outro homem foram mortos, segundo a perícia, com tiros nas costas.

Antes de fugirem na caminhonete, um dos suspeitos pega uma quantia de dinheiro que está em uma das mesas de sinuca, além de outros objetos.


Motivação

De acordo com o delegado Bráulio Junqueira, Edgar participava de um jogo de sinuca contra Getúlio, uma das vítimas, e perdeu cerca de R$ 4 mil pela manhã. No período da tarde, ele voltou na companhia de Ezequiel e desafiou Getúlio novamente. Eles jogaram mais algumas partidas e também perderam.

Segundo o delegado, Edgar ficou revoltado e, em seguida, deu um sinal para Ezequias, que rendeu todas as pessoas, enquanto o comparsa pegava uma espingarda no carro.

“O primeiro a disparar foi o Ezequias, que deu um tiro no Bruno, dono do bar, e depois um tiro pelas costas do Getúlio, que caiu, e recebeu mais dois tiros na cabeça. Enquanto isso, Edgar disparava de 12”, explicou.

Bráulio afirmou que nove pessoas foram rendidas e apenas duas delas sobreviveram. Conforme relato de testemunhas à polícia, o clima no local era tranquilo e não houve discussão ou qualquer outra desavença no bar antes do crime.

Antes da chacina, algumas das vítimas gravaram vídeos no estabelecimento. As imagens das câmeras de segurança também mostravam uma movimentação tranquila no local.