Ativo no mercado da bola, o Coritiba avançou na venda da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para um fundo de investidores brasileiro. A Treecorp Investimentos faz as últimas avaliações para depois apresentar o projeto aos Conselhos, da empresa e do clube.
O ge apurou que o negócio está sendo conduzido para um “fundo de private equity”, que investe em empresas de capital fechado e não estão listadas em Bolsa. As tratativas se iniciaram há pouco mais de um mês.
Para um entendimento simples, esses fundos captam dinheiro de investidores para comprar empresas. A ideia dessa modalidade é receber investimentos de diversos cotistas (pessoas) e comprar um percentual no Coxa.
O clube alviverde negociará 90% da sua SAF para a Treecorp. A empresa, agora, está em fase de diligência dos ativos do Coritiba para ver a compatibilidade dos valores ofertados.
Caso dê o ok, a empresa passará os detalhes da quantia em uma reunião para seus conselheiros, que deve acontecer em um mês. O encontro também acontecerá no Conselho alviverde.
A empresa de investimento tem o conhecido empresário Roberto Justus como conselheiro e acionista minoritário. A Jovem Pan News citou inicialmente o nome do ex-publicitário como interessado.
Isso não significa, contudo, que Justus fará parte da gestão. Pelo contrário. A empresa e o clube definirão quem será o gestor da SAF alviverde e já buscam nomes no mercado. A ideia é que o Coritiba possua uma gestão empresarial, com profissionais especializados no futebol.
Dentro do futebol, o retorno dos investidores pode vir por meio de transferências de atletas, a retirada de dividendos (divisão dos lucros entre os acionistas) ou esperar até o clube valorizar e revender.
Esse último deve ser o caminho do Coritiba. O recomendado até mesmo no “private equity” é aguardar, assim como também dentro dessa nova ideia de SAF. O prazo, geralmente, é de sete a 10 anos.
Intermediadora do negócio, a corretora XP Investimentos foi quem buscou os investidores no mercado. A empresa também já tinha sido responsável por procurar Ronaldo Fenômeno para comprar a SAF do Cruzeiro.
Procurados pela reportagem, Coritiba, Treecorp e XP Investimentos preferiram não se pronunciar.
Mercado
Até aqui, o Coritiba tem agitado o mercado da bola. O clube fez oito contratações e gastou em três deles: o zagueiro Bruno Viana (1 milhão de euros) e os atacantes Robson (R$ 2,2 milhões) e Rodrigo Pinho (500 mil euros).
O próximo será Kuscevic, do Palmeiras, por R$ 6,2 milhões, na compra mais cara da sua história. Neste ano, a diretoria alviverde também investiu no volante Bruno Gomes, que estava emprestado pelo Inter. O clube pagou pouco mais de R$ 5 milhões pelo meio-campista.
Outro que tem conversas avançadas com o clube é o zagueiro Lucas Possignolo. O defensor estava no Zhejiang FC, da China, e deve desembarcar em Curitiba nos próximos dias.
Como comparação, no ano passado, o Coxa investiu R$ 4 milhões em reforços. Os atacantes Fabrício Daniel e Alef Manga custaram R$ 2 milhões cada um.
Ao todo, o Coxa gastou mais de R$ 20 milhões em contratações nesta temporada. O valor pode subir, caso Viana e Pinho atinjam gatilhos no contrato, de 500 mil euros cada.
Forte no mercado, o Coritiba nega que o investimento tenha relação com a venda da SAF. A cúpula coxa-branca alega que já previa um salto no orçamento de R$ 70 milhões até R$ 120 milhões no futebol em 2023.
Além das compras, o Coxa acertou com o goleiro Luan Polli, o lateral-esquerdo Victor Luís, os volantes Júnior Urso e Liziero, o meia-atacante Marcelino Moreno e o atacante William Pottker. As saídas passaram de 20 atletas.
Alteração no escudo
No final de janeiro, o ge revelou que a diretoria coxa-branca apresentaria um projeto de mudança de escudo. O projeto, conforme apurado, não tem relação com a SAF.
O G-5, que administra o clube, já mantinha estudos da modernização do símbolo. As conversas com a Treecorp foram iniciadas na virada de 2022 para 2023.
Os sócios alviverdes votarão para aprovar ou reprovar a alteração em assembleia geral. A previsão é para que aconteça no final deste mês.
Treecorp Investimentos
Fundada em 2010, a Treecorp tem três sócio-diretores e aproximadamente R$ 2 bilhões sob gestão em 11 empresas de seu portfólio. Ademicon, Zeedog, Cabana Burguer e Zul digital estão entre elas.
O Coritiba, inclusive, tem uma parceria com Ademicon: o “Consórcio Coxa” de forma digital. Ao aderir, o torcedor alviverde estará automaticamente contribuindo com o clube. Não existe relação de interesse antigo, já que o consórcio foi realidado em 2021.
O nome mais conhecido, contudo, é do ex-publicitário Roberto Justus, que entrou na empresa há dois anos. Ele declarou em novembro do ano passado que estava comprando um clube de futebol em entrevista ao podcast Flow e que não era o “seu time de coração”. Justus torce para o São Paulo. (GE)