A Justiça de São Paulo determinou a penhora de três automóveis do apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus.
A decisão ocorre em um processo aberto por um credor que cobra da Mundial uma dívida de cerca de R$ 718 mil em aluguéis de um imóvel na cidade de Amparo, no interior paulista, entre os anos de 2017 e 2018. O valor inclui correção monetária e juros.
O mandado de penhora e avaliação dos automóveis foi expedido no dia 10 de janeiro e atendeu à solicitação da empresa Rio Negro Empreendimentos Imobiliários, que alugou o imóvel de 7.816 metros quadrados para a igreja. No local funcionava um templo da Mundial.
A juíza Fabíola Brito do Amaral autorizou que o oficial encarregado de fazer a penhora utilize força policial no caso de haver alguma dificuldade para o cumprimento da medida.
Os carros penhorados são:
um Troller (2009);
um Rover (2011);
um Rover Discovery (2017).
Houve também determinação para o bloqueio de uma aplicação bancária em renda fixa de Valdemiro no Bradesco.
Na defesa apresentada à Justiça, o réu afirmou que não deveria ser o alvo da cobrança, “pois não faz parte do estatuto social da Igreja Mundial do Poder de Deus”. Disse também que não assinou o contrato de locação com a empresa como fiador.
Ao incluir Valdemiro no processo de execução da dívida, o juiz Armando da Silva Júnior disse considerar que tudo leva a crer que a igreja “oculta seu patrimônio na pessoa do réu [o apóstolo]” com o objetivo de dificultar as ações de cobrança.
O apóstolo afirmou no processo que não há confusão entre o seu patrimônio e o da igreja. Declarou que o pedido foi instaurado “com base em suposições construídas pela mídia”.
Não cabe mais recurso em relação à dívida e em relação à inclusão do apóstolo na ação de cobrança. Valdemiro pode questionar apenas a penhora dos veículos e o bloqueio da conta, bem como o cálculo da atualização da dívida.
Fundada em Sorocaba em 1998 por Valdemiro Santiago, um dissidente da Igreja Universal, a Mundial passa por uma grava crise financeira, que foi agravada pela pandemia do coronavírus.
A Igreja Mundial, que afirma em seu site ter 6.000 templos, disse à Justiça ser uma instituição religiosa sem fins lucrativos, “que se mantém apenas com a ajuda dos fiéis mediante contribuições voluntárias e esporádicas”.