O consumo de alimentos ultraprocessados tem ligação direta com a obesidade. Um estudo feito pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), apontou que àqueles que mais ingeriam esse tipo, apresentaram 45% mais chance de obesidade quando comparados aos que consumiam um menor volume.
Dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), identificou um aumento de 12,2% na ingestão de alimentos ultraprocessados, considerados vilões para a saúde. Além disso, Cuiabá é a segunda capital do Brasil com o maior índice de pessoas obesas do país, perdendo apenas para Manaus. A pesquisa aponta ainda que 24% da população da capital mato-grossense é obesa.
Mas o que são estes alimentos e como está relacionado à obesidade? O sócio-diretor do Hospital e responsável pela Unidade de Emagrecimento e Longevidade do hospital São Judas Tadeu, Arnaldo Sérgio Patrício, explica que fazem parte do grupo dos ultraprocessados os biscoitos, salgadinhos, embutidos e enlatados. O termo, aliás, diz respeito ao nível de industrialização e níveis de açúcar, gordura e outros elementos.
Além disso, estão diretamente ligados à praticidade do preparo, e esse é um dos motivos da popularidade. “É exatamente por isso que devemos evitá-los, pois estão diretamente ligados aos números crescentes de doenças cardiovasculares, cânceres, doenças autoimunes. Outro fato importante é que, o consumo de produtos com substâncias sintéticas contribui para o aumento das dores crônicas”, aponta.
Associado a maus hábitos alimentares e ao sedentarismo, o sobrepeso torna-se mais nocivo, conforme explica o médico. “O excesso de peso pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças do fígado, como a esteatose hepática (gordura no fígado) e um quadro de inflamação, de alguns tipos de câncer, e de doenças cardiovasculares, especialmente infarto e derrame”, explica.
O sedentarismo e uma alimentação inadequada elevam os riscos do surgimento de ao menos 14 tipos de cânceres, entre eles, de mama, útero, fígado, próstata, esôfago, pâncreas e estômago. “E isso associado à ingestão excessiva de carne vermelha, alimentos pobres em vitaminas e fibras e comida ultraprocessada contribuem para a obesidade e favorecem o aumento de casos de neoplasias”, ressalta.
A obesidade está associada a mediadores inflamatórios e anormalidades metabólicas e endócrinas, que promovem o crescimento celular e exercem efeitos antiapoptóticos, o que significa dizer que as células cancerígenas não se autodestroem mesmo após graves danos no DNA, conforme apresenta o 3º Relatório de Especialistas, Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer: uma perspectiva global.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que entre 30% e 50% de todos os casos de câncer podem ser preveníveis mantendo hábitos saudáveis e evitando a exposição a carcinógenos ocupacionais, poluição ambiental e certas infecções crônicas.