O Ministério Público Estadual (MPE) pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nessa sexta-feira (16), o bloqueio imediato das contas bancárias do produtor rural Mauridis Parreira Pimenta por financiar os atos antidemocráticos. O MPE também solicitou quebra de sigilo bancário para identificar outros financiadores. O g1 tenta contato com a defesa dele.
O ofício também pede ao STF que acione a Polícia Federal para colher depoimento do empresário, que é conhecido como Dide Pimenta, e tem propriedade em Campinápolis, a 567 quilômetros a Leste de Cuiabá.
Conforme o relatório de inteligência, citado no pedido, o produtor foi procurado pelo indígena José Acácio Serere Xavante, que pediu auxílio financeiro para o deslocamento de indígenas para Brasília. Serere foi preso no dia 12, em Brasília, pela prática de condutas ilícitas em atos antidemocráticos. O g1 também tenta contato com a defesa dele.
O ofício diz que “segundo ele mesmo [Dide Pimenta] declara, já auxiliaram [o produtor e um grupo de amigos] no deslocamento de oito ônibus de indígenas à Capital Federal”.
No pedido feito pelo procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, José Antônio Borges Pereira, é usado como base um vídeo em que aparece o empresário pedindo recursos para ajudar no deslocamento de ônibus e manter indígenas nos atos antidemocráticos em Brasília.
O procurador justifica no pedido outras ações do STF contra grupos que não aceitam os resultados das eleições de 2022.
“Com efeito, em decisões pretéritas proferidas por Vossa Excelência nestes autos, foi determinada a adoção de medidas para a desobstrução de vias e locais públicos, com o resguardo da ordem e, principalmente, à segurança das pessoas, inclusive dos próprios participantes dos atos antidemocráticos. Além disso, determinou-se a aplicação de multas pessoais a proprietários de veículos, assim como àqueles que incorrem no descumprimento da decisão mediante apoio logístico e financeiro àqueles que permanecerem em locais públicos”, consta na solicitação.
Prisão de indígena
José Acácio Serere Xavante, de 42 anos, é pastor e mora em Campinápolis (MT). — Foto: Redes Sociais
José Acácio Serere Xavante, de 42 anos, mora em Campinápolis, a 565 km de Cuiabá, onde já concorreu a prefeito — e foi preso e condenado por tráfico de drogas.
Após a prisão do indígena pela Polícia Federal, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentaram invadir a sede da PF e deflagraram uma série de atos de vandalismo em Brasília, que resultaram em ônibus e carros queimados. A Esplanada dos Ministérios chegou a ser fechada.
O que se sabe de José Acácio:
- É apoiador do presidente Jair Bolsonaro e participou de atos golpistas. Ele se apresenta como pastor e missionário. No final de semana, ele disse em Brasília que Lula “não sobe a rampa”;
- A pedido da Procuradoria-Geral da República, o Supremo Tribunal Federal determinou a prisão dele por participar de “manifestações de cunho antidemocrático” nas imediações do Congresso, no Aeroporto Internacional de Brasília, em um shopping e em frente ao hotel onde estão hospedados Lula e o vice Geraldo Alckmin (PSB). A PF, então, o prendeu;
- Ele se identifica como cacique. A Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que ele não faz parte dos caciques tradicionais — mas que não é possível afirmar se José Acácio é cacique ou não, porque há muitas terras indígenas e aldeias;
- Foi preso por tráfico de drogas em 2007 em Campinápolis, a 544 km de Cuiabá: ele e a esposa foram flagrados pela polícia com porções de cocaína. José Acácio foi condenado a quatro anos e oito meses de prisão em regime fechado; ele cumpriu parte da pena preso e obteve na Justiça o direito a sair da prisão em 2008. Em agosto de 2009, o processo foi encerrado, segundo o Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
- José Acácio Concorreu a prefeito de Campinápolis nas eleições de 2020 pelo Patriotas. Recebeu apenas 689 votos , o equivalente a 9,7% do total, e ficou em terceiro lugar.