A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) junto a outras delegacias do estado, recuperou em uma semana R$ 68,3 mil subtraídos de vítimas em transferências via PIX, realizadas por meios ilícitos. Com números computados entre os dias 26 de novembro a 02 de dezembro, a atuação da especializada na recuperação de valores chega a aproximadamente R$ 10 mil por dia.
Segundo o delegado titular da DRCI, Ruy Guilherme Peral, a recuperação de valores subtraídos de vítimas tem sido constante, uma vez que os crimes migraram das ruas para o meio virtual e os avanços na área de tecnologia tem induzindo mudanças no modo de ação dos criminosos.
“Os avanços no mundo moderno proporciona mudanças no estilo de vida das pessoas, mas também traz oportunidades para os criminosos entrarem mais facilmente em contato com as vítimas, de dentro da própria casa ou mesmo em escritórios do crime, onde por meio do ambiente virtual tem acesso a muito mais pessoas, sem precisarem se expor e correndo muito menos riscos”, disse o delegado.
Em um dos casos ocorridos nesta semana com uma vítima de Cuiabá, foi realizada uma transferência via pix no valor de R$ 23 mil da conta bancária de uma servidora pública, além de uma tentativa de empréstimo que acabou não se concretizando. A vítima não tinha o valor em conta bancária, sendo que boa parte do dinheiro transferido fazia parte do limite do seu cheque especial.
A servidora alegou que não sabe como os criminosos tiveram acesso à sua conta bancária, uma vez que não havia passado a sua senha para ninguém. Ela entrou em contato com a Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) que acionou a DRCI, que junto ao setor antifraudes da agência bancária conseguiu efetuar o bloqueio do valor.
Atualmente, os criminosos têm utilizado os mais diferentes tipos de golpes para enganar as vítimas, que acabam acreditando nas conversas aplicadas pelos suspeitos e fazem a transferência dos valores, sem muitos questionamentos. Entre os golpes mais aplicados na atualidade estão: “Falso Intermediador de Venda”, “Falso perfil de Whatsapp”, “Golpe da Novinha”, “Golpe do Amor”, “Falso Médico”, entre muitos outros.
“Os criminosos estão cada vez mais ousados e todos os dias surge uma nova modalidade de golpe, ou a atualização de um já existente, além de outras modalidades de fraudes eletrônicas com objetivo de subtrair valores de vítimas em ambiente virtual”, destacou Ruy Peral.
Uma vítima de Nova Canaã do Norte caiu no golpe do falso intermediador de vendas, durante a compra de um veículo pela internet. Para aplicar o golpe, o suspeito copiou um anúncio verdadeiro da internet para poder intermediar a negociação do carro, fazendo assim duas vítimas, o comprador e o vendedor do veículo.
Somente após a transferências dos valores, as vítimas descobriram ter caído em um golpe. Por meio da ação da DRCI em parceria com a Delegacia de Nova Canaã do Norte, foi possível recuperar R$ 7,5 mil subtraídos da vítima que comprava o carro.
Porém ainda há casos, em que os criminosos atuam na área física, no contato direto com as vítimas e a ainda assim, usufruem do meio virtual para a prática de crimes. É o caso de situações de roubos em que as vítimas são mantidas em cárcere privado e obrigadas mediante ameaças a fazerem transferências via pix para a conta determinadas pelos criminosos, sob pena de serem mortas ou fazerem algum mal para familiares.
Um caso em que a vítima teve contato direto com os suspeitos, ocorreu esta semana no município de Várzea Grande. A vítima havia contratado um serviço em seu veículo, porém quando chegou ao local, os donos da empresa decidiram alterar o valor contratado. Mesmo a vítima pagando o inicial combinado, os suspeitos os mantiveram em cárcere e a obrigaram fazer diversas transferências de valores mediante ameaças e agressões. Nessa situação, a DRCI atuou e conseguiu o bloqueio de R$ 8 mil do valor subtraído da vítima.
Ruy Peral destaca que com a facilidade proporcionada e com a especialização dos criminosos, há um número maior de vítima, com um prejuízo potencial cada vez maior. “A migração do crime para o ambiente virtual, vem exigindo da Polícia um trabalho cada vez mais qualificado, e também um trabalho de conscientização das vítimas para que mantenham o seu ambiente virtual seguro, dificultando a ação dos criminosos nessa área”, finalizou o delegado Ruy Guilherme.