O secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Alexandre Bustamente, afirmou, nesta quinta-feira (1º), que as imagens do delegado Bruno França invadindo a casa de uma mulher que teria descumprido uma medida protetiva revelam “uma situação bem bruta” e que a secretaria acompanha a apuração da Corregedoria da Polícia Civil.

França foi afastado da corporação por 60 dias devido à conduta dele durante a ação junto com outros três policiais. Ele ameaçou “estourar a cabeça” dela, entre outros xingamentos, diante de uma criança de 4 anos. (Veja mais detalhes abaixo).

Ao ser questionado, Bustamante disse que não se pode tirar conclusões somente com as imagens registradas da ação.

 

Leia Também:

– Corregedoria da Polícia Civil afasta delegado por conduta ao invadir casa de mulher que teria descumprido medida protetiva em MT
– Delegado filmado invadindo casa com arma em punho pede desculpas e afastamento da Polícia Civil

– OAB pede afastamento preventivo de delegado que invadiu casa no Florais dos Lagos

– Corregedoria da Polícia Civil investiga delegado que invadiu casa e prendeu mulher que teria descumprido medida protetiva em MT

– Mulher detida porque teria descumprido medida protetiva deve ficar a 1.000m de distância de garoto

– ‘Apontou arma para minha filha’, relata mulher detida por delegado por descumprir medida protetiva

“Não podemos antecipar a pena de ninguém e nem julgamento. Pelas imagens, realmente é uma situação bem bruta, mas não temos o contexto todo, temos só um pedaço”, afirmou.
Segundo Bustamante, todos os servidores que cometem excessos durante o exercício do cargo estão sujeitos a penalidades.

“O devido processo legal e o direito à defesa é consagrado na Constituição. Isso vai ser feito”, disse.

Entenda o caso

Na noite de segunda-feira (28), o delegado França entrou na casa da mulher sem mandado judicial. A ação foi registrada pelas câmeras de segurança do imóvel.

A defesa dele alega que ela descumpriu uma medida protetiva contra o enteado dele, que tem 13 anos, e por isso foi até a casa da mulher. Segundo o advogado, a medida foi pedida porque ela persegue o menino, com agressões verbais e ameaças físicas em locais públicos.

Por outro lado, a defesa da família da mulher afirma que não foi notificada da decisão que a proíbe de se aproximar do menino e diz que o filho dela foi agredido e sofreu bullying pelo enteado do delegado.

As imagens mostram França bastante agressivo. Ele diz, ao menos duas vezes, que vai explodir a cabeça da mulher e, segundo a família, chegou a apontar a arma para uma criança de 4 anos. Ele estava acompanhado de policiais da Gerência de Operações Especiais (GOE) armados com fuzis.

‘Manda essa menina calar a boca’

A mulher, em entrevista à TV Centro América, disse que viveu cenas de terror ao ter a casa invadida pelo delegado.

“Minha filha tem 4 anos, e ele gritava demais ‘vou estourar a sua cabeça’. Meu marido pedia calma, e minha filha pedia ‘por favor, para tio, não faz isso’. E ele falava ‘manda essa menina calar a boca’ e apontou a arma para ela. Ele foi agressivo”, contou a mulher, que não quis ser identificada.

 

A vítima disse que, no momento da ação policial, fazia a menina dormir e assistia à televisão, enquanto o marido fazia uma sessão de massagem.

“Ninguém entendeu aquele absurdo. Foi uma cena de terror, ameaça o tempo inteiro. Nada justifica essa agressividade”, relatou a mulher, que passou por uma cirurgia recente na mão e está com drenos.

Desculpas

Em nota, o delegado França pediu desculpas pela condução na prisão da mulher e relatou que, na segunda-feira (28), o enteado o procurou pedindo socorro. Segundo ele, o menino disse que a mulher foi até a quadra poliesportiva do condomínio, onde ela mora, e iniciou os ataques contra ele, que visitava o local.

Delegado Bruno França pede desculpas por conduta — Foto: Reprodução

Delegado Bruno França pede desculpas por conduta — Foto: Reprodução

Ele afirma que bateu na porta da casa, mas não teve resposta. Por isso, decidiu arrombá-la, mas que em “nenhum momento apontei arma de fogo para nenhuma das pessoas na casa”.

Ele reconheceu o excesso na “verbalização” e disse que errou, principalmente por ter uma criança de 4 anos no local, mas que não se arrepende de “enfrentar a agressora e realizar sua captura” e que a conduta dele “não possui qualquer ilicitude”.