Uma câmera de segurança instalada na casa de uma família de Cuiabá registrou o momento em que o delegado Bruno França, da Polícia Civil de Mato Grosso, arromba a porta do imóvel para prender uma mulher que teria descumprido uma medida protetiva contra o enteado dele, de 13 anos. O equipamento flagrou também o momento em que ele, bastante agressivo, diz, mais de uma vez, que “vai estourar a cabeça dela”. Assista no vídeo abaixo.
O caso aconteceu na noite de segunda-feira (28) no condomínio onde a família mora e o menino jogava futebol com amigos. De acordo com advogado da mulher, de 41 anos, Rodrigo Pouso Miranda, nem ele nem a cliente tinham conhecimento da medida protetiva e desconhecem o teor dela.
A Corregedoria da Polícia Civil confirma a existência do documento e informou que a ação foi motivada por uma determinação judicial de urgência requerida ao adolescente dentro de uma investigação conduzida pela Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Em nota, o advogado Diógenes Curado, que representa o delegado, informou que a mulher persegue o menor com agressões verbais e ameaças físicas em locais públicos, como quadras de esporte. Que a última agressão teria acontecido na noite de segunda-feira (28) e que “na condição de autoridade policial, pediu apoio de outros agentes de segurança e, tendo conhecimento da medida protetiva expedida pela Justiça, efetuou a prisão em flagrante”.
Nas imagens, o delegado quebra a porta e entra no imóvel com arma em punho. Ele está acompanhado de três policiais da Gerência de Operações Especiais (GOE) armados com fuzis e manda que todos deitem no chão.
O outro filho da mulher, de 4 anos, chora durante toda a ação e, por diversas vezes, os policiais dão sinais para que França e também os moradores se acalmem.
O delegado, que trabalha em Sorriso, está em estado probatório e foi aprovado no último concurso da Polícia Civil, grita e xinga a mulher com diversos palavrões e diz: “A próxima vez que ela chegar perto do meu filho, vou estourar a cabeça dela”.
A Corregedoria da Polícia Civil comunicou que tomou conhecimento da conduta do delegado e vai apurar os fatos.
‘Descontrolado e despreparado’
Segundo Pouso Miranda, a ação ocorreu depois das 20 horas e não poderia ser realizada neste horário. Explicou, ainda, que a família morava em outro condomínio, onde sete meninos bateram no filho dela, que tem 11 anos. Eles processaram a família do delegado, que, depois, processou a família que teve a casa invadida, como um “contra ataque”.
“Foi uma invasão de domicílio. Ele colocou todos da família e quem estava na casa no chão, apontou a arma para a cabeça deles. Estava totalmente descontrolado. É um profissional despreparado”, disse ao g1.
Na delegacia para onde a mulher foi levada, o advogado também registrou o momento em que o delegado o xinga ao menos duas vezes.
A Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT) emitiu uma nota de repúdio diante da conduta do delegado.
Nota da PJC sobre o caso envolvendo delegado de Cuiabá
A Polícia Civil informa que, por meio da Corregedoria Geral da instituição, já tomou as providências apara apuração sobre a conduta do delegado Bruno França Ferreira diante de um episódio registrado na noite de segunda-feira (28.11), em Cuiabá, quando ele se dirigiu à residência de uma mulher que teria descumprido uma medida protetiva em relação a um adolescente, enteado do delegado. A instituição informa que tal ação foi de decisão exclusiva da autoridade policial.
A Corregedoria da Polícia Civil está apurando os fatos e tomará as medidas legais cabíveis ao caso em questão.
Nota de Repúdio da OAB
A Ordem dos Advogados do Brasil — Seccional de Mato Grosso (MT), por meio de sua presidente e de sua diretoria, vem a público externar REPÚDIO ao tratamento dispensado pelo delegado de Polícia Civil, Bruno França Ferreira, ao realizar atendimento na data de ontem (28/11/2022), no Cisc Verdão, ao advogado Rodrigo Pouso.
O delegado de Polícia Civil, Bruno França Ferreira, proferiu em desfavor do mencionado causídico, palavras de natureza desrespeitosas, afrontosas e não condizentes com o cargo e a função que exerce, de servidor público, em especial, quando em atendimento a um profissional de advocacia.
Imagens de um vídeo — que já se encontra em pode desta Seccional — não deixam dúvidas da ausência de urbanidade e, ainda, da utilização de palavras de baixo calão proferidas contra o advogado mencionado, que se encontrava em seu regular exercício profissional.
A Ordem dos Advogado do Brasil — Seeccional de Mato Grosso (OAB-MT) repudia veementemente atos com o pra narrado e que não condizem com a importância de um delegado de Polícia Civil, bem como, não representam o tratamento dispensado à Advocacia pela grande maioria dos Delegados de Polícia e demais servidores da Instituição Polícia Judiciária Civil.