Faltando apenas uma rodada para o fim do Campeonato Brasileiro de 2022, as projeções do ‘Espião Estatístico’ apontam o Cuiabá com 99,98% de chances de ficar na elite do futebol Brasileiro. O Atlético-GO, que representa a única ameaça para o Dourado, precisa mais do que um milagre: golear o América fora de casa e torcer para que o time cuiabano perca de goleada para o Coritiba em casa, na última rodada, que acontece neste domingo. Ou seja, o Dragão precisa da combinação de resultados e ainda tirar o saldo de 6 gols favorável ao Cuiabá. (Veja mais abaixo)
Por outro lado, resta apenas uma vaga no G-6 do Campeonato Brasileiro, o que significa classificação direta à fase de grupos da Libertadores 2023. Apesar de dois tropeços seguidos – derrota para o Inter e empate diante do Atlético-GO em casa -, o Athletico-PR segue dependendo apenas das próprias forças para garantir seu lugar. Por isso mesmo, manteve o favoritismo com 53,5% de chances de chegar a esse objetivo.
Há duas pedras no caminho do Furacão. A primeira é o confronto direto contra o Botafogo, que é outro aspirante à vaga com 10,6% de possibilidades. A segunda é o Atlético-MG, que ganhou fôlego com a vitória por 3 a 0 sobre o Cuiabá, está com 35,9% de chances de G-6 e pega o Corinthians em São Paulo na última rodada.
Gol de Terans manteve o Athletico-PR em sexto lugar na penúltima rodada — Foto: José Tramontin/Athletico
Por outro lado, pela projeção do Espião Estatístico, o Athletico-PR está assegurado ao menos no G-8 do Brasileirão, considerando sua produção ofensiva na competição em comparação com seus perseguidores. Além de Galo e Botafogo, Fortaleza, América-MG e São Paulo vão para a 38ª rodada de olho na fase prévia da Libertadores.
Outra disputa interessante na parte de cima da tabela é pelo vice-campeonato, e o Internacional dificilmente perde a sua posição. Os colorados têm 95% de chances de permanecerem na segunda posição e recebem o campeão Palmeiras no Beira-Rio. O Fluminense mantém 5% de possibilidades e terá que vencer o Bragantino no interior paulista além de torcer para o Inter perder seu jogo.
Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos as 93.014 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.789 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente. Os dados ajudam a calcular as chances de cada equipe vencer os jogos restantes, fazendo 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais do quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.
Chances de ir para a Libertadores
Clube | Chances de G-6 | Chances de G-8 |
Palmeiras | 100% | 100% |
Internacional | 100% | 100% |
Fluminense | 100% | 100% |
Corinthians | 100% | 100% |
Flamengo | 100% | 100% |
Athletico-PR | 53,5% | 100% |
Atlético-MG | 35,9% | 81,3% |
Botafogo | 10,6% | 40,2% |
Fortaleza | 0% | 33,9% |
América-MG | 0% | 33,4% |
São Paulo | 0% | 11,4% |
Permanência na Série A
Mais um rebaixado foi decidido na 37ª rodada: o Ceará vai se juntar a Avaí e Juventude na Série B 2023. Apesar de ainda haver chances matemáticas do Atlético-GO permanecer na elite do Brasileirão, dificilmente a equipe vai escapar da degola. São apenas 0,02% do Dragão contra 99,98% de possibilidades do Cuiabá garantir mais uma temporada na Primeira Divisão. A equipe goiana precisa vencer o América-MG, que ainda luta por vaga na Libertadores, em Belo Horizonte, secar o Dourado, que recebe o Coritiba, e tirar uma diferença de seis gols de saldo para o time mato-grossense. É um cenário bem difícil para os atleticanos.
Chances de permanecer na Série A
Clube | Permanência na Série A |
Cuiabá | 99,98% |
Atlético-GO | 0,02% |
Ceará (Rebaixado) | 0% |
Avaí (Rebaixado) | 0% |
Juventude (Rebaixado) | 0% |
Chances de as equipes terminarem o Brasileirão em cada posição após 37 rodadas — Foto: Bruno Imaizumi/Espião Estatístico
Metodologia
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.747 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Leonardo Martins, Roberto Maleson e Valmir Storti. (GE)