Aumento na exploração do solo diminuiu em até 64% o habitat de grupo de espécies vulneráveis ao desmatamento em Mato Grosso. Dados do WWF-Brasil apontam que parte dos animais, inclusive, faz parte de um grupo com aplicação direta na área médica.
Ao portal GD, a gerente de Ciências do WWF-Brasil, Mariana Napolitano, explicou que o estudo que relacionou a perda de habitat considerou dados de 45 anos, compreendendo o período de 1985 a 2020.
À reportagem, a gerente afirmou ainda que o estudo apontou que a variação de perda de área é diferente para cada espécie.
Em nível nacional, o estudo considerou 299 espécies de vertebrados terrestres sujeitas ao desmatamento no Cerrado. Deste total, 9 têm distribuição praticamente restrita a Mato Grosso, sendo que 7 só foram localizadas no estado.
Com menor perda de território que as demais espécies, a Apostolepis striata, popularmente conhecida como cobrinha-da-terra, perdeu 14% de seu habitat. Contudo, já no caso da Ameerega berohoka, um tipo de rã, houve perda de 64% do espaço natural.
Napolitano apontou que há ao menos 4 níveis de perda a serem considerados quando se fala em diminuição de biodiversidade. Um deles, inclusive, faz parte de um grupo que tem aplicação na produção de medicamentos.
“Então, acho que o primeiro é porque estamos perdendo as espécies. E todas as espécies têm seu direito de existir e ocupar as regiões. Segunda questão é o uso dessas espécies pelo homem. Muitas delas são fontes de medicamentes, cosméticos e de uma forma de uso sustentável”, disse.
“E o mais importante é que a perda de espécies é um indicador de que a gente está perdendo ecossistemas, que estamos perdendo qualidades e recursos. E, portanto, para o nosso bem-estar. A gente não está só perdendo espécies, a gente está perdendo a qualidade e regularidade do nosso clima, que garante a nossa produção”, acrescentou.
Do grupo das 9 espécies, as demais que também tiveram perda de habitat ao longo das 3 décadas são: Apostolepis christineae (serpente); Apostolepis lineata (serpente); Pithecopus centralis (perereca); Pristimantis dundeei (rã); Elachistocleis matogrosso (rã); Oreobates crepitans (rã) e Dendropsophus araguaya (perereca).
Outro levantamento do WWF-Brasil, divulgado na última semana, traz dados que apontam para uma perda de 69% de fauna em todo mundo em menos de 50 anos. No Brasil, o destaque negativo ficou para a onça-pintada, tatus-bola, corais e botos. Veja os dados completos AQUI.
Fonte: Gazeta Digital