A primeira experiência eleitoral em que não houve as tradicionais coligações para a disputa proporcional, mas, apenas a possibilidade de federação válida por quatro anos e a disputa de 100%+1 do número de vaga em caso de chapa pura, trouxe como resultado a constatação de que os partidos políticos deverão se preocupar com a formação de quadros em seus filiados.

Isso significa dizer que os partidos deverão ouvir mais setores da sociedade civil e estimular a consciência e participação política dos cidadãos.

Essa é a avaliação do cientista político João Edisom de Souza a respeito do resultado das eleições de 2022 para a Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados em Mato Grosso.

Em entrevista ao HNT, João Edisom cita o exemplo do Partido dos Trabalhadores na disputa à Câmara Federal para sustentar sua tese.

“A candidata Rosa Neide obteve uma votação superior a 124 mil votos. E ainda assim ficou de fora, porque da federação PT-PCdoB e PV, o segundo candidato com melhor desempenho foi o ex-juiz Julier, que não chegou a oito mil votos. Isso evidencia duas situações: não adianta o partido político apostar unicamente em caciques e não ter um conjunto partidário forte. E, para ter este conjunto em eleições no Brasil, passa pela democratização dos recursos do fundo partidário”, afirma.

O cientista político ainda avalia que o atual sistema eleitoral naturalmente reduzirá o número de partidos políticos no Brasil, conferindo maior força política às legendas existentes e abrindo, em longo prazo, um processo de extinção do presidencialismo de coalizão em vigência desde a chegada de Fernando Collor de Mello à Presidência da República, após a vitória nas eleições de 1989.

“Com partidos fortes e parlamentares expressivos, o caminho natural do país é o parlamentarismo. Se o eleito para a Presidência da República for o Lula, estaremos a um passo do parlamentarismo. O Alckmin será um primeiro-ministro e presidente. A probabilidade disso existe. Estaremos a um passo para puxar um novo plebiscito para avançar ao parlamentarismo. Se for o Bolsonaro, acredito que a ideia do parlamentarismo vai avançar, mas a partir da próxima legislatura”, destaca.

Em 21 de abril de 1993, foi realizado plebiscito que demandava escolher monarquia ou república e parlamentarismo ou presidencialismo. Essa consulta consolidou a forma e o sistema de governo atuais.

Atualmente, tramita no Senado uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) de autoria do senador alagoano e ex-presidente da República Fernando Collor de Mello que propõe o parlamentarismo em substituição ao presidencialismo no Brasil.

Fonte: HiperNotícias