A modelo cuiabana Alexia Duttra, de 20 anos, tem brilhado no cenário nacional da moda, em um triunfo não apenas da beleza, mas da representatividade. Alexia é uma jovem transexual que enxergou nas passarelas o caminho para o seu sonho.
“Vejo como uma conquista. Poder ser quem sou e trabalhar com aquilo que amo, conquistando meu lugar no mercado fashion e comercial é muito gratificante”, conta.
A avó foi uma das primeiras a incentivar seu lado artístico, pois ambas desenhavam vestidos juntas quando a modelo era criança. Ao completar 18 anos, Alexia decidiu focar em si e em sua carreira.
“Busquei contato com as agências de São Paulo, fechei meu contrato e, em seguida, me mudei para lá. Foi um processo bem rápido, em duas semanas eu já estava morando na capital e modelando”, lembra a jovem sobre seu começo de carreira.
O trabalho que mais orgulha Alexia até o momento foi sua campanha para o aniversário de 50 anos da Arezzo, porém seu desejo é ir ainda mais longe.
“Meus planos atualmente estão girando em torno de me mudar para Europa e dar início na minha carreira internacional a partir do ano que vem”, revela.
Alexia, que mantém residência em São Paulo, conta que teve total apoio de sua família quando começou a conhecer melhor a sua identidade de gênero, ainda no ensino médio com 15 anos, e que o processo foi bastante lento. Apesar de muitas pessoas sofrerem com a transfobia no mercado de trabalho, a modelo tem sido exceção até o momento.
“No trabalho ainda não ouvi comentários desagradáveis, mas no dia a dia sempre nos deparamos com situações chatas. O importante é não nos afetarmos, pois somos mais do que um com comentário transfóbico”, aconselha.
Mesmo não tendo sofrido transfobia no mundo profissional, Alexia reconhece a existência desses casos e, em sua opinião, o mercado precisa ser mais acolhedor com a diversidade humana.
“O mercado está muito mais aberto a todas as diversidades, mas isso também não significa que está totalmente renovado. Tanto o mercado da moda quanto outros setores devem abrir mais os seus leques para receber e apoiar todos os tipos de diversidades que temos. Creio que o que deve ser mudado é o pensamento de quem coordena as marcas. É através dessa conscientização que as portas começam a ser abertas”, explica a modelo.
A jovem coleciona diversas inspirações que motivam seus trabalhos. Dentre elas está a britânica Kate Moss e as brasileiras Adriana Lima e Valentina Sampaio. Essa última tem a atenção especial de Alexia, pois também é uma jovem trans que já conquistou um notório espaço.
Muitas vezes, o mundo da moda é bastante rígido com seus modelos. Apesar disso, Alexia sente que consegue ser ela mesma e dar um toque de sua pessoalidade nos trabalhos.
“O cliente sempre gosta de ver sua personalidade e quem você realmente é e como você consegue expressar tudo isso através daquela imagem. Sempre gosto de estar acompanhando as fotos e vendo se posso melhorar alguma coisa”, explica.
Alexia, além de pensar em sua carreira, sabe que sua posição de destaque é importante para meninas que compartilham da mesma história que a sua, pois mostra que a transexualidade não deve ser vista como obstáculo para os sonhos.
“Imagino que as meninas possam se orgulhar de ver uma mulher trans conquistando aquilo que ama e dando visibilidade para todas nós. Sou merecedora, pois tudo o que já conquistei e ainda vou conquistar veio de todo o meu trabalho duro”.
Fonte: MidiaNews