“Brasil escolha a liberdade”. “Brasil, não queremos que você vire uma Venezuela”. “Não somos turistas, somos imigrantes, fugimos da fome”. “Somos resultados de uma escolha errada.” Esses eram os dizeres das placas exibidas durante um movimento pró-Bolsonaro, realizado por venezuelanos, em Boa Vista, capital de Roraima.

Organizada pelo projeto Alerta Brasil, a mobilização tem o objetivo de chamar a atenção dos brasileiros para o risco da ascensão de um governo de esquerda no país. Um medo constante daqueles que escolheram o Brasil para se refugiar de uma situação caótica e miserável. O protesto foi realizado no sábado (15).

Jorgina Puentes, líder do Alerta Brasil, é venezuelana e mora no Brasil há cinco anos. A proposta, segundo a jovem, é falar aos brasileiros o que aconteceu na Venezuela e que deixou o país destruído.

“O Brasil hoje, tem em torno de 215 milhões de pessoas. Quando eu saí do meu país, lá tinham 29 milhões de pessoas, ou seja, o Brasil é mais de 10 Venezuelas. Se o Brasil cair no socialismo não vai ter para onde ir”, alerta Jorgina.

Os venezuelanos começaram a sair do seu país em 2015, dois anos depois que Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela) chegou ao poder. O governo do presidente socialista agravou o cenário de alta inflação, controle social, miséria, dentre outros problemas sociais.

Inflação exorbitante

Um dos problemas que afligem a Venezuela, conta a imigrante, é a alta inflação. Jorgina relata que o primeiro a vir embora para o Brasil foi seu pai que passou a mandar dinheiro para a família que ficou no país natal.

“Ele enviava semanalmente R$100. Na primeira semana, eu fui ao mercado e comprei as coisas. Na segunda semana, quando ele enviou o dinheiro novamente, comprei menos coisas. Aí assim foi indo. Os preços aumentam mais a cada dia”, relata.

Diante da dificuldade de manter a família no país vizinho, o pai de Jorgina pediu que também viessem ao Brasil, e agora os familiares não pretendem sair daqui. “Eu vendi bolo aqui nessa praça, foi onde eu fiz o meu primeiro dinheiro”, conta.

A venezuelana relata que a família vendeu tudo o que tinha lá para viver uma nova vida no solo brasileiro. O negócio de vendas de imóveis, por exemplo, é feito com estrangeiros, que adquirem os produtos na tentativa de uma especulação.

Jorgina ainda tem parentes que vivem sob o regime socialista, mas a situação atual é crítica, uma vez que há comida, mas é muito pouco e com preço exorbitante.

Evite a esquerda

Para os venezuelanos que vivem em Roraima, estado que deu a maioria dos votos ao candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL), direitista que ferrenho crítico no socialismo, as pessoas que estão longe do Estado não conseguem entender a dimensão do que foi vivenciado do outro lado da fronteira e como tem sido a chegada ao Brasil.

“Eu quero falar para as pessoas que moram em todo o Brasil, em Minas Gerais, Santa Catarina, quem vive longe daqui não tem ideia do que está acontecendo. Em 30 de outubro, quero pedir a vocês que pensem porque em Roraima, o candidato petista não venceu. Aqui todos conhecem a crise que existe na Venezuela. Essa crise é causada pelo amigo do candidato petista (Luiz Inácio Lula da Silva)”, diz um outro venezuelano que participou da mobilização.

Escolha certa

A pouco mais de 10 dias da votação do segundo turno, Jorgina frisa que é importante os brasileiros fazerem uma boa escolha. Essa, certamente, não é por um partido de esquerda.

“Apenas os ricos estão bem lá na Venezuela. Dizem que o socialismo é para o povo, mas o socialismo mata o povo. Somos venezuelanos e o que vivemos na nossa pele, não queremos para nenhum outro país”, destaca. “É por isso que eu peço, pensem bem sobre a decisão no dia 30 de outubro. Agora não é só uma questão política, se trata da liberdade ou a miséria no país. Hoje é o dia que você tem para decidir”, orienta.

Missão Roraima

Essa matéria faz parte do “Missão Roraima”, um projeto de uma equipe jornalística do Portal Agência da Notícia de Mato Grosso que foi até Roraima para conferir a chegada dos venezuelanos às terras brasileiras.

A iniciativa surgiu de um pedido feito por Bolsonaro para que a imprensa mostrasse ao Brasil como tem sido a vida dos venezuelanos nos últimos anos.

O projeto contou com doações de empresários, pecuaristas e particulares que fizeram doações para a equipe de reportagem comandada pela Jornalista Camila Nalevaiko iniciar a sua viagem, que começou na quarta-feira (12). Ainda falta muito a ser retratado e para isso, a jornalista e seus colegas precisam de apoio. A chave Pix para doações é: 816.610.701-59, em nome de Camila Nalevaiko.