Mato Grosso não tem demandas excepcionais; apenas básicas para uma população de 3,6 milhões de habitantes com predominância do modo simples de vida que caracteriza as pequenas e médias cidades. Mesmo assim, seus governantes estaduais, Assembleia Legislativa e a bancada federal não conseguem atendê-las. Os programas e regras de grande alcance são federais; e em alguns municípios – bem poucos – a boa gestão cria bolsões de qualidade de vida que contrastam com a dura realidade social mato-grossense em sua base territorial.

Sem ordem prevalente, algumas ações de governo são muito importantes para o desenvolvimento em sua amplitude e a emancipação da cidadania nesse abençoado e ensolarado Mato Grosso do Marechal Rondon, Irmã Adelis, Valdon Varjão, Cacique Raoni Metuktire, Bruna Viola, Antônio Mulato e Ana Tiemi Takagui.

Leia Também:

–  Bolsonaro e a partidarização do Grande Templo

 

– De cultura da bajulação ao poder

– O hoje, o amanhã e o ontem

– De povo silencioso

– A bancada dos Campos na terra da familiocracia

– Todos pelos 34 municípios ameaçados

– O silêncio de Rosa Neide

– De cassação administrativa

– Quase 40 mil cargos comissionados foram entregues para partidos

O processo de colonização para ocupação do vazio demográfico Amazônico, no Chapadão do Parecis, Vale do Araguaia e faixa de fronteira que começou nos anos 1970 inspirado nos bordões do regime militar: Integrar para não entregar e Homens sem terra para terra sem homens foi decisivo para o surgimento de Sinop, Alta Floresta, Água Boa, Vila Rica, Juína, Juara, Comodoro, Alta Floresta, Guarantã do Norte, Brasnorte, Marcelândia, Nova Bandeirantes, Alto Taquari e cidades intermediárias. Paralelamente a ele e não menos importante, a abertura das rodovias Cuiabá-Santarém (BR-163), Trans-Mato-grossense, MT-320, MT-010, MT-449, MT-100, MT-130, BR-158, BR-080, BR-070 e BR-174.

Com o surgimento das cidades interligadas à malha rodoviária estadual, ainda que em algumas situações dependendo de balsas para travessia de rios, Mato Grosso ganhou capilaridade de população, que mesmo baixa ainda hoje – 3,6 habitantes por km² – assegura identidade regional no plano nacional.

A soma da topografia, com luminosidade, regularidade hídrica, avanço da ciência agronômica, boas práticas ambientais e a fibra do produtor rural, Mato Grosso descobriu sua vocação de pilar da política de segurança alimentar mundial. Porém, o índice de continentalidade – indicador que mede a distância da lavoura ao porto – roubava sua competitividade e o impedia de ocupar espaço no mercado internacional. Porém, em 1996 entrou em vigor a Lei Kandir, que desonera produtos primários para efeito de exportação. O alívio da carga tributária foi vento favorável ao desenvolvimento e crescimento.

Partes das demandas mato-grossenses foram atendidas, mas faltam algumas que exigem urgência, como saúde, regularização fundiária urbana e rural, expansão das malhas rodoviária e ferroviária, saneamento, habitação, agroindustrialização e um plano especial de ocupação da faixa de fronteira.

Temas iguais a esse precisam de espaço na Imprensa, de debates à exaustão. Que os colegas jornalistas botem o dedo nessa realidade. Ao longo de minha caminhada de décadas nas redações procurei tratar de questões dessa natureza. Às vésperas da aposentadoria e, portanto, com pouco tempo para tal, sugiro essa pauta ao jornalismo.

Que Mato Grosso passe a viver Mato Grosso, discutir Mato Grosso, clamar por Mato Grosso. Não pensem que em Brasília a nova bancada federal terá olhos para as demandas mato-grossenses. Parte dela ou estará a serviço de Jair Bolsonaro, caso o mesmo seja reeleito, ou fará oposição sistemática a Lula da Silva se o mesmo retornar à Presidência.

Vamos nos despedindo, pois 2023 bate às portas.

 

*EDUARDO GOMES DE ANDRADE  é jornalista e escritor em Mato Grosso. E editor de Boamidia

CONTATO:                                                                    www.facebook.com/eduardogomes.andrade

E-MAIL:                                                                      eduardogomes.ega@gmail.com

Eduardo Gomes Andrade no Instagram:       @andradeeduardogomes