A combinação de resultados da rodada #26 do Brasileirão transformou o Palmeiras na primeira equipe brasileira classificada para a Libertadores 2023. Dados do Espião Estatístico indicam que o atual bicampeão continental assegurou ao menos a sexta colocação do Campeonato Brasileiro, que classifica os seis primeiros colocados para a principal competição sul-americana de clubes. Na outra ponta da tabela, o Cuiabá deve fazer uma disputa direta contra o Coritiba pela permanência (veja mais abaixo).
Além do já garantido Palmeiras, outras seis equipes abriram larga vantagem para disputarem entre si as outras cinco vagas para a Libertadores: Flamengo, Internacional, Fluminense, Athletico-PR, Corinthians e Atlético-MG têm mais de 50% de chances de acabar o Brasileirão entre os seis primeiros colocados. É abissal a diferença entre a probabilidade deles e a do Goiás, o próximo da fila e que hoje tem 6% de chances de se classificar para a Libertadores após o empate em casa com o Flamengo.
Por estar apresentando maior produtividade ofensiva e resistência defensiva mais consistente, nas 12 rodadas que restam o terceiro colocado Flamengo tem hoje maiores chances conseguir uma vaga na Libertadores via Brasileirão do que o vice-líder Internacional, mas serão os resultados de cada confronto que vão demonstrar se essa potencial vantagem técnica será confirmada.
O Brasileirão poderá ainda classificar o sétimo colocado para a Libertadores se o campeão da edição deste ano terminar o nacional nas seis primeiras colocações. A final será disputada por Flamengo e Athletico-PR, hoje terceiro e sexto colocados, respectivamente.
Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 90.130 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.679 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual das equipes no ataque e na defesa a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente. Os dados servem de parâmetro para calcular as chances de cada equipe vencer os jogos restantes, fazendo 10 mil simulações para cada partida a ser disputada, o que resulta nos percentuais quadro abaixo. A metodologia empregada está explicada no final do texto.
Veja abaixo o potencial que cada equipe tem para terminar o Brasileirão no G-4 ou no G-6:
Brasileirão
A vitória palmeirense sobre o Juventude e o empate do Flamengo fora de casa com o Goiás elevaram para 81% a probabilidade de o Palmeiras ser o campeão do Brasileirão 2022. Com 36 pontos por disputar nas próximas 12 rodadas, o Palmeiras abriu oito pontos de vantagem para o vice-líder Internacional, que agora tem 6% de chances de ficar com o título, no arredondamento empatado com o Flamengo. O Fluminense tem 4%; o Corinthians, 1%; o Atlético-MG, 0,4%.
Permanência na Série A
Projeção do Espião Estatístico indica que Coritiba e Cuiabá, que se enfrentam na última rodada, em Cuiabá, travarão uma disputa particular na luta para permanecer na Série A em 2023. Após a rodada #26, o Coritiba passou a ter 58% de chances se ficar na primeira divisão nacional, e o Cuiabá, 49,4%. Imediatamente antes da dupla está o Fortaleza, que hoje tem 84% de chances de seguir na primeira divisão, um potencial muito mais confortável.
As chances de o Avaí ficar na Série A foi para 22%, e as do Atlético-GO, a 15%. Para transformarem essas chances em 100%, precisarão de uma reviravolta histórica, que imediatamente seria associada à mítica recuperação alcançada pelo “Time de Guerreiros” que evitou o rebaixamento do Fluminense em 2009 depois de suas chances de permanecer na Série A chegaram a 1%.
Confira as chances dos times de permanecer na Série A
Veja quadro geral de chances
Metodologia
Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência as finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.679 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013.
As variáveis consideradas no modelo são: (1) a distância e o ângulo da finalização em relação ao gol; (2) se a finalização foi feita cara a cara com o goleiro; (3) se foi feita sem a presença do goleiro; (4) a parte do corpo utilizada para concluir; (5) se a finalização foi feita de primeira, ajeitada ou carregada; se o chute foi feito com a perna boa ou ruim do jogador; (6) a origem do lance (pênalti, escanteio, cruzamento, falta direta, roubada de bola, lateral etc); (7) se a assistência foi feita de dentro da área; (8) a posição em que o atleta joga; (9) indicadores de força do chute; (10) o valor de mercado das equipes em cada temporada a partir de dados do site Transfermarkt (como proxy de qualidade do elenco); (11) o tempo de jogo; (12) a idade do jogador; (13) a altura do goleiro em jogadas originadas de bolas aéreas; (14) a diferença no placar no momento de cada finalização.
De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo. Essa variação indica as chances de os times vencerem cada adversário e, a partir daí, é calculada a chance de os clubes terminarem o campeonato em cada posição.
O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.
*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Leonardo Martins, Roberto Maleson e Valmir Storti. (Com GE)