A Petrobras anunciou nesta sexta-feira (26) corte de 10,4% no QAV (querosene de aviação) para distribuidoras a partir do dia 1º de setembro. É o segundo mês seguido de redução no preço do combustível após a escalada que fez os preços das passagens aéreas dispararem.

O preço do QAV é reajustado mensalmente e começa a reagir à queda das cotações internacionais. Em agosto, a Petrobras reduziu em 2,6% o valor de venda do produto por suas refinarias. Em dois meses, portanto, o preço do produto cairá 12,7%.

Antes dos cortes, segundo a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), o querosene de aviação acumulava alta de 70,6% em 2021. Em maio, o preço médio das passagens aéreas no Brasil atingiu o maior valor em dez anos.

Em nota, a Petrobras disse que sua política de preços do QAV busca equilíbrio com o mercado internacional e acompanha as variações do valor do produto e da taxa de câmbio. Suas refinarias vendem o produto para distribuidoras, que são os fornecedores das companhias aéreas.

A estatal não tinha costume de divulgar em notas as variações de preços do QAV, mas passou a fazê-lo em agosto, na primeira queda do ano. Naquela ocasião, divulgou um comunicado que incluía cortes nos preços da gasolina de aviação e do asfalto.

A redução dos preços dos combustíveis é um dos principais trunfos da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) pela reeleição. Desde o fim de junho, os preços da gasolina, do diesel e do etanol vêm em queda nas bombas.

O movimento é resultado, primeiro, de cortes nos impostos federais e estaduais aprovados pelo Congresso e, depois, de repasses da queda das cotações internacionais do petróleo aos preços de venda da Petrobras.

Bolsonaro chegou a propor este mês isenção tributária para o querosene de aviação, mas com vigência apenas a partir de 2023. O tema, segundo o presidente, será discutido no debate sobre o orçamento do próximo ano.

“Garantimos continuar com zero imposto federal na gasolina, no diesel e no gás de cozinha”, disse ele na semana passada. “Pedi para o pessoal zerar agora querosene de aviação”, completou.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as passagens aéreas de voos domésticos acumularam inflação de 122,4% em 12 meses até junho. A alta foi a maior entre os 377 subitens que compõem o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

A Abear disse, em nota, que “a situação de intensa volatilidade impossibilita projeção de impacto [do corte] nos preços” das passagens aéreas. Segundo a associação, o preço do querosene de aviação acumula alta de 168,7% desde julho de 2019.

No mesmo período, o preço do diesel subiu 126% e o da gasolina, 50,9%, segundo o indicador de preços praticados por produtores e importadores de combustíveis da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).

Fonte: FolhaPress