Vivemos um tempo em que a idolatria personalizada está adoecendo a sociedade. A necessidade de encontrar um representante perfeito nos impede, muitas vezes, de valorizar o coletivo, a origem e aquilo que realmente importa e reflete nossa essência. Quer exemplo maior do que desvalorização do campo, das pessoas que vivem nas roças, dos produtores rurais?

É muito cômodo culpar o agronegócio pelas crises ambientais, pelo desmatamento ou por qualquer outra mazela mundial, sem olhar o processo como um todo. O campo trabalha para atender as necessidades que surgem nas cidades, a demanda por produtos em larga escala não vem das fazendas ou dos pequenos municípios, mas dos grandes centros urbanos, onde a demanda por comida, fibras e energia é crescente e não há espaço nem meios para produção.

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Além disso, de acordo com publicação recente da FAO, “a pandemia, a interrupção das cadeias de suprimentos internacionais e a guerra na Ucrânia interromperam severamente os mercados interconectados de alimentos, combustíveis e fertilizantes”.  Com isso, segundo o levantamento, em junho de 2022, o número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar severa era de 345 milhões em 82 países.

E não é só de fome que estamos falando, porque infelizmente quando isso não atinge a pessoa, parece que deixa de existir e muitos não conseguem ver a importância que a agropecuária tem na produção de alimentos. Mas também é da roça que vem o algodão que veste as pessoas, o insumo para fabricar a cerveja, a matéria-prima para produzir o etanol, os óleos vegetais para produzir um cosmético.

A diversidade de produtos que tem sua origem no campo, seja na agricultura, na pecuária ou nas florestas, é infinita e não pode ser ignorada. Quando uma escola ensina que a agricultura está destruindo o meio ambiente, é preciso justamente explicar que existem formas de produzir sustentavelmente, conservando a biodiversidade e gerando emprego e renda. Mais do que isso, é preciso destacar que a grande parte dos produtores rurais trabalha em acordo com a legislação ambiental.

O ilegal, o destruidor do meio ambiente não pode ser o representante de quem produz, de quem investe em sistemas alimentares eficientes e em tecnologias inteligentes para produzir cada vez mais, em menos áreas. E o Brasil é o maior exemplo disso. Nos últimos dez anos, a produção de grãos aumentou 60%, passando de 162 milhões de toneladas na safra 2010/2011 para 260 milhões de toneladas na safra 2020/2021.
Paralelamente, a ocupação de área pelas lavouras cresceu somente 21%. Este fenômeno acontece porque a produção aumentou 500 quilos por hectares (kg/ha) neste período, passando de 3.266 quilos por hectare para 3.790 kg/ha.

Esta semana recebi de dois amigos sua nova música de trabalho, “É da roça que sai”, que busca justamente aproximar o campo e a cidade, mostrar de onde vem o alimento, a energia e a roupa que vestimos. Para aqueles que podem, a picanha do churrasco, o arroz e o feijão, o malte da cerveja ou o etanol do veículo. Enfim, tudo tem origem lá na roça, onde todo mundo tem um parente, para onde muitos querem voltar e onde, inacreditavelmente, muitos tentam se distanciar. Parabéns Jadson e Jadson, é a simplicidade da roça.

Liga o som!

 

 *LUCIANO DE SOUZA VACARI   é gestor de Agronegócios em Cuiabá e diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação.

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