A entrevista de Abel Ferreira após a vitória sobre o Cerro Porteño, na primeira partida pelas oitavas de final da Copa Libertadores, em Assunção, no Paraguai, teve um tom de desabafo. O treinador do Palmeiras direcionou uma parte das declarações para os torcedores alviverdes, principalmente os mais críticos depois do empate do fim de semana contra o Avaí, pelo Brasileirão, competição na qual o Verdão é líder.

– Quero dizer que esse jogo começou a ser ganho no jogo do Avaí, porque o treinador do Palmeiras acredita em todos os jogadores. Eu acredito em todos os jogadores. O treinador do Palmeiras pede a todos os torcedores e agradece aos torcedores que apoiam nossos jogadores em todos os momentos. Em nome do grupo, quero agradecer a esses – declarou.
– Agradeço também aos torcedores que nos apoiam só nas vitórias. Agradeço também aos que nos criticam. Peço aos nossos torcedores que tenham gratidão aos torcedores que vieram ajudar hoje. É isso que temos o que fazer. Temos que acreditar mesmo. Quando o treinador faz besteiras e os jogadores jogam mal, tem que acreditar, apoiar, pois isso é pertencer à família Palmeiras– acrescentou.

O treinador manteve o tom crítico aos torcedores “cornetas” e que questionam o nível de comprometimento do grupo de atletas:

– Aos que acreditam somente quando ganhamos, aos que só nos criticam, como diz o Hamilton: “é preciso mudar a mentalidade”. Os que já estão com isso na veia, nos apoiam sempre. Este jogo começou a ser ganho no jogo com o Avaí. Os jogadores são gente séria, gente de caráter e que entregam tudo o que têm a cada momento. Esses jogadores merecem que acreditem em todos.

Citado por Abel Ferreira, Lewis Hamilton usou a frase sob outro contexto. Após ser chamado de “neguinho” por Nelson Piquet, o britânico desabafou que é “preciso mudar a mentalidade” sobre termos considerados racistas nos dias de hoje.

– Quem critica não corre nas veias o que é ser palmeirense. Criticando os jogadores criticamos o que está aqui (o Palmeiras). Dou minha palavra que todos nós trabalhamos. Vamos fazer besteiras e errar muitas vezes, mas vamos dar muitas alegrias, como estamos dando – encerrou.

Palmeiras pode perder por até dois gols de diferença no duelo da volta, que mesmo assim avançará às quartas de final da Libertadores. O jogo contra o Cerro Porteño está marcado para a próxima quarta-feira, às 19h15 (de Brasília), no Allianz Parque.

Confira mais da entrevista coletiva:

Abel Ferreira

Mais análise
– Primeiro, quero dar os parabéns ao Arce. Sabemos que tem uma história muito grande no nosso clube. Eles conseguiram bloquear as marcações, então foi bem duro e difícil no início do jogo. Tivemos paciência, calma e procuramos impor nosso jogo.

– No início, os jogos de Libertadores são competitivos, sabíamos que tinha consistência defensiva boa. Foi ter calma, tranquilidade e sabedoria para entrar no nosso jogo, sem entrar em fobia e momento certo para nosso jogo. Cerro começou a perder energia, nós mantivemos intensidade e refrescamos a equipe. No segundo tempo, o Palmeiras mostrou que foi melhor

Gustavo Gómez diz que confronto não acabou

Quem também concedeu entrevista foi o zagueiro e capitão Gustavo Gómez. O defensor adotou um discurso cauteloso depois da vitória e brincou sobre as vaias recebidas pelos compatriotas em Assunção. O jogador é capitão da seleção do país.

Confronto terminou?
– Creio que o primeiro tempo foi equilibrado, no segundo melhoramos, fizemos o gol. Não está nada fechado. Libertadores, em 45 minutos são dois jogos. Os últimos 90 minutos em São Paulo. Temos jogo importante para manter a liderança do Brasileirão e depois pensaremos na Libertadores

Vaias dos paraguaios
– Nada como estar na sua terra (risos). No futebol é parte do folclore. Creio que fizemos um bom jogo. Os vídeos forneceram muitas informações para a gente, estávamos preparados para jogar de todas as formas.

O que foi fundamental para a vitória?
– Nós tivemos consistência no segundo tempo e pudemos diminuir a pressão do primeiro tempo. Nosso time foi maduro quando nos pressionaram. Pudemos sobreviver e no fim do segundo tempo conseguir a vitória. (GE)