O mato-grossense Thiago Andrade de Toledo, doutor em física, pesquisador e professor da Universidade de Mato Grosso (Unemat), juntamente com três pesquisadoras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveram um composto de elementos químicos  que, combinados, mostraram-se eficazes no combate a bactérias como as da espécie Staphylococcus aureus, causadoras de doenças de pele e com cepas cada vez mais resistentes. Durante o desenvolvimento da pesquisa, também foi observada eficácia da invenção no combate à Escherichia coli, potencialmente ocasionadora de doenças gastrointestinais, e Candida albicans, fungo leveduriforme, causador de candidíase.

O método foi registrado como patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), com apoio da Agência de Inovação (AIn) da UFSCar, e é inédito para este tipo de uso. A tecnologia tem potencial aplicação de diversas formas: gotas, spray, pó, pomada ou cápsulas, o que facilita o seu uso na indústria farmacêutica. Os testes foram feitos em escala laboratorial e a tecnologia está disponível para comercialização.

Além de Thiago Toledo, que durante o trabalho atuava como pesquisador de pós-doutorado  na Universidade Federal de Mato Grosso  (UFMT), a inovação foi desenvolvida por Cristina Paiva de Sousa, docente no Departamento de Morfologia e Patologia (DMP) da UFSCar e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) da Universidade; Bianca Soriano, doutora pelo PPGBiotec; e Genoveva Flores Luna, doutora em Biotecnologia, também pela UFSCar.

INOVAÇÃO

O diferencial e a inovação no trabalho dizem respeito à realização de um processo químico envolvendo bases de Schiff e íons metálicos de cobre ou cobalto. As bases de Schiff são compostos orgânicos cujo uso na indústria farmacêutica é interessante pelo baixo grau de toxicidade para as células humanas. “Estudos apontam que as bases de Schiff, ao interagirem com metais, têm potencial antimicrobiano, com interessantes propriedades físicas, químicas e biológicas. Isto possibilita uma vasta gama de aplicações biotecnológicas e industriais, inclusive para potencializar a inibição de doenças”, explica Toledo.

Assim, os pesquisadores resolveram “juntá-la” com cobre ou cobalto, por meio de uma reação de síntese. A reação envolve diversas etapas, como testes de microbiologia, definição de temperatura adequada, quantidade específica de cada elemento, bem como testes de citotoxicidade. Foram estudadas as propriedades de cada substância, suas características e, em seguida realizado o processo de síntese, tendo como resultado um produto antimicrobiano, útil para tratar doenças de pele causadas por resistentes bactérias, sem causar danos às células humanas.