Uma inspeção feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) identificou que o Ministério de Saúde mantém, em estoque, mais de 28 milhões de doses de vacinas contra a Covid que perdem validade até agosto deste ano. Dessas, 11,7 milhões vencem até julho.
O número reúne imunizantes produzidos pela Pfizer e pela Astrazeneca. Segundo o tribunal, os 28 milhões de doses que expiram até agosto custaram R$ 1,21 bilhão aos cofres públicos.
Os números constam em um despacho assinado pelo ministro Vital do Rêgo, revelado pelo jornal “Folha de S.Paulo” e obtido pela TV Globo. O TCU foi acionado por líderes e vice-líderes da oposição na Câmara dos Deputados.
No documento, Vital do Rêgo cita “a necessidade e a urgência em se promover a vacinação da população para a contenção tanto da disseminação do vírus da covid-19, quanto da elevação dos casos graves da referida doença”.
O ministro determinou que o Ministério da Saúde adote as “ações necessárias” para evitar a perda das vacinas em estoque, sobretudo aquelas com prazo de validade próximo. O g1 pediu posicionamento à pasta e aguarda retorno.
Em momentos anteriores da pandemia, quando a população brasileira ainda não tinha atingido a cobertura vacinal mínima, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) chegou a prorrogar a validade dos lotes de vacinas estocadas.
Em nota nesta quinta, a Anvisa informou que “não possui, no momento, nenhum pedido de prorrogação do prazo de validade para esses lotes. Todas as prorrogações de prazo avaliadas pela Anvisa foram comunicadas por meio dos canais de comunicação da agência.”
Alta de casos e vacinação estagnada
A identificação de milhões de vacinas prestes a vencer no estoque do Ministério da Saúde coincide com um momento de alta no número de casos de Covid – acompanhado da estagnação nos índices de vacinação.
Até esta quata, dados do consórcio de veículos de imprensa mostram que 167.151.998 brasileiros (77,81% da população total) estão totalmente imunizados ao tomar a segunda dose ou a dose única de vacinas.
A dose de reforço, no entanto, foi aplicada em apenas 45,35% da população (97.427.596 pessoas).
No começo de junho, nota técnica do Ministério da Saúde recomendou a aplicação de uma quarta dose em pessoas com mais de 50 anos. Isso acontece porque há uma tendência de que a imunidade gerada pelas vacinas vá caindo ao longo do tempo.
“Embora existam, até o momento, poucos dados em relação à magnitude e duração do benefício de uma segunda dose de reforço com vacinas Covid-19, diferentes estratégias de vacinação devem ser utilizadas com base na situação epidemiológica e na disponibilidade de vacinas. O surgimento de novas variantes de preocupação e tendência de aumento do número de casos de Covid-19, também devem ser considerado, sobretudo para recomendações a grupos mais vulneráveis e expostos”, afirmou a secretaria.
O Brasil enfrenta, atualmente, um quadro de elevação no número de casos e de mortes associadas à Covid. O índice de óbitos ainda é baixo se comparado aos períodos críticos da pandemia, mas a média móvel de mortes está em alta há seis dias.