O dicionário Aurélio traz dois significados para a palavra vício. O primeiro, é de “efeito ou imperfeição grave de pessoa ou coisa”. Já o segundo, “qualquer deformação que altere algo física ou emocionalmente”. Quando tratamos então de vício alimentar, o que podemos entender é que se trata de um sentimento, desejo pelo consumo de alimentos de uma maneira anormal e de forma compulsiva.

Qualquer vício traz riscos a integridade da pessoa que a sofre, mas quando tratamos dessa problemática na seara nutricional, é preciso mais sensibilidade na análise. Comer é uma necessidade de sobrevivência e mesmo uma pessoa que esteja habitando esse estado de compulsão, precisa se alimentar. A questão então é como então interromper o círculo vicioso e identificar o momento que isso se tornou um problema?

Leia Também:

– Queloide: tratamento minimiza a proliferação anormal da cicatriz 

– Doenças inflamatórias intestinais

– A sorte persegue quem aproveita as oportunidades

– UTI do Hospital de Câncer De Mato Grosso utiliza técnicas de eletroterapia para reduzir dor e melhorar a força de pacientes

 

A irmandade Comedores Compulsivos Anônimos, grupo que reúne pessoas que sofrem dessa problemática, formulou um questionário que pode ajudar a identificar se o comer se tornou uma patologia. Entre as perguntas, estão algumas estratégicas, como “minha maneira de comer está afetando a minha saúde” e ainda “meus comportamentos alimentares fazem a mim ou aos outros infelizes”?

Esse reconhecimento pode tornar mais fácil o início da cura, visto que auxilia na identificação de que, de fato, há um problema a ser tratado. A ciência nos aponta que existem alimentos que desencadeiam reações no nosso organismo, que nos façam sentir dependência. A Yale Food Addiction Scale (YAFS) aponta alguns deles, como salgadinhos, doces, chocolate, biscoitos, massa, pão branco, sorvete e outros.

Então, deve-se evitar comer esses alimentos que atuam como gatilho na compulsão alimentar.  Mesmo que a lista de itens que causam a perda de controle seja longa, há uma ainda muito maior daqueles que não sequestram a parte racional do cérebro, permitindo que a pessoa que sofra desse desiquilíbrio possa ter acesso a uma dieta saudável e prazerosa.

Um estudo recente realizado pelo instituto de psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), analisou dados de 190 mulheres que participam de um grupo de apoio para transtorno alimentar. Conforme os dados analisados com base na YAFS, mais de 95% delas tinham adição por comida. Na mesma análise, foi observado que quanto mais crítica uma pessoa com relação a seus hábitos alimentares, maior a noção de vício.

Outra pesquisa realizada pelo mesmo grupo da USP identificou fatores que aumentam a sensação de vício por comida. O mais significativo, de acordo com as respostas, foi a prática de dietas. Faz parte do ser humano desejar aquilo que não podemos ter, Freud explica. E quanto tratamos de comida, precisamos dela. Não é algo que pode ser retirado da nossa rotina, com em outros vícios.

Por isso, várias abordagens podem auxiliar quem quer se desprender da compulsão alimentar e sem dúvida, todas elas devem tratar do equilíbrio emocional de quem a sofre. O suporte profissional é essencial para ajudar a identificar a melhor abordagem que será utilizada a cada paciente, já que cada ser é único, possui problemas distintos e uma forma diferente de conseguir manipular a situação em seu favor.

Esse não é um desafio que, quem o sofre, está destinado a enfrentar sozinho. Mas é possível, através de um tratamento acompanhado por pessoas treinadas e capacitadas, obter respostas sobre a dificuldade de parar de comer. O Hospital São Judas Tadeu conta com a Unidade de Emagrecimento e Longevidade, que reúne profissionais capacitados para auxiliar nessa busca. Para a cura, basta o primeiro passo.

*ARNALDO SÉRGIO PATRÍCIO   é  médico especialista em Medicina Interna e Radiologia do Hospital São Judas Tadeu. Também é diretor da Unidade de Emagrecimento e Longevidade (UEL).

Instagram:                              @arnaldosergio