A saída do ex-ministro Bento Albuquerque do Ministério de Minas e Energia (MME) e a sua substituição por Adolfo Sachsida, ex-assessor do ministro Paulo Guedes, não deverá provocar efeitos práticos nos preços dos combustíveis. A avaliação é do economista Vivaldo Lopes, que acredita que o novo ministro não terá força para influenciar a política de preços da Petrobras.
Vivaldo compara a situação com a de um paciente que está com febre, essa febre aumenta e o médico quebra o termômetro sem tratar do problema.
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A queda do ministro ocorreu após o aumento de quase 9% no preço do óleo diesel nas refinarias, que desagradou o presidente, que já tinha pedido para que o ajuste não fosse praticado, em live na última quinta-feira (5). Porém, o aumento foi anunciado na segunda-feira seguinte (9), elevando o preço do diesel em 40 centavos nas refinarias.
“Quebramos o termômetro, mas o estado de febre continua. Eu não vejo que vá ter alguma alteração na política de preços da Petrobrás. Talvez possa, por conta da campanha eleitoral, os reajustes serem mais espaçados entre um e outro”, afirma Vivaldo, em entrevista ao Estadão Mato Grosso, acrescentando que a petroleira vem reajustando os preços a cada 31 dias.
A única diferença apontada por Vivaldo é que Adolfo Sachsida é claramente favorável à privatização da companhia. O primeiro ato de Sachsida, conforme primeiro pronunciamento feito nessa quarta (11), foi solicitar estudos para propor alterações legislativas e permitir a desestatização da petroleira, que tem 50,3% de participação do governo federal.
Porém, não há nenhuma chance de essa desestatização ocorrer nesse ano. Além de ser um tempo exíguo para um tema complexo, os debates estarão voltados para as eleições.
“Todas as pedras das ruas de Alto Paraguai, cidade em que eu nasci, sabem que não temos nenhuma chance política de falar em privatização da companhia, faltando só seis meses para terminar o mandato do atual presidente”, destaca Vivaldo.
A avaliação é que as regras de governança da Petrobras são muito rígidas e quem detém a maior parte da empresa, o governo federal, não tem força suficiente para alterar a política de preços, o Preço de Paridade Internacional (PPI) e a variação do dólar. “Pra que eu quero ser dono de uma empresa em que eu não mando nela? Então é melhor privatizar”, conclui.
O preço dos combustíveis tem um peso grande sobre o crescimento da inflação brasileira nos últimos meses e deve ocupar papel central no debate eleitoral. Por isso, tem se tornado uma das grandes preocupações do presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua equipe, que buscam garantir a reeleição do mandatário.
Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgados no dia 1º de abril, o preço do diesel aumentou 55,1% em 12 meses, enquanto a gasolina registrou alta de 31,4% no mesmo período.
*VIVALDO LOPES DIAS é professor e economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP
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