O volante Edenilson, do Internacional,  se manifestou após acusar Rafael Ramos, lateral do Corinthians, de injúria racial durante o empate por 2 a 2 entre as duas equipes na noite deste sábado, no Beira-Rio (RS), pela 6ª rodada do Brasileirão.

O capitão do Inter registrou queixa na Polícia Civil, após a partida em uma sala do Beira-Rio e deixou o estádio sem falar com a imprensa. Na manifestação na rede social, ele reitera a acusação. Rafael Ramos foi autuado em flagrante por injúria racial e liberado após pagamento de fiança de R$ 10 mil.

– Boa noite, pessoal, passando aqui apenas para me pronunciar. Eu sei o que ouvi, realmente eu não reagi provavelmente da forma que deveria, pois foi a primeira vez que isso aconteceu comigo e me incomoda o fato de ficar chamando atenção de outra forma que não seja jogando futebol – diz ele, em trecho do texto.

O volante colorado também disse que procurou Rafael Ramos após a partida na expectativa de receber um pedido de desculpas. Segundo o presidente do Inter, Alessandro Barcellos, só depois disso ele decidiu prestar queixa.

– Eu procurei o atleta para que ele assumisse e me pedisse desculpas, afinal todos erramos e temos direito de admitir, no meu modo de ver as coisas. Mas o mesmo continuou a dizer que eu havia entendido errado. Eu não entendi errado, o procurei pelo respeito que tenho por alguns integrantes do Corinthians e para que ele pudesse ter uma chance de se redimir – relatou.

O árbitro Bráulio da Silva Machado relatou o episódio de suposto ato racista na súmula da partida. Segundo o documento, Edenilson disse que foi ofendido com as palavras “foda-se macaco”, enquanto Rafael Ramos relata que proferiu as palavras “foda-se caralho”.

O diretor de futebol do Corinthians, Roberto de Andrade, falou com a imprensa antes da divulgação da súmula e disse que Rafael Ramos negou ofensas racistas. Segundo o dirigente, o atleta teria dito: “mano, caralho”.

A confusão começou aos 30 minutos do segundo tempo. Edenilson e Rafael Ramos se desentenderam depois de uma jogada pelo lado direito do ataque do Inter. Em seguida, o jogador colorado se dirigiu ao árbitro Bráulio da Silva Machado, e o jogo ficou paralisado por cerca de quatro minutos.

Ramos foi substituído ainda no segundo tempo e não concedeu entrevistas na saída de campo. Edenilson também não quis falar enquanto se dirigia aos vestiários do Beira-Rio. Segundo Barcellos, o jogador ficou bastante abatido com o episódio.

Em nota oficial, o Inter lamentou o fato. O vice de futebol colorado, Emílio Papaleo Zin, também fez um pronunciamento na zona mista do Beira-Rio, sem responder questionamentos da imprensa.

– É inadmissível que ainda ocorram fatos desse tipo em 2022, não há espaço para o racismo em nossa sociedade. O Clube do Povo reitera que repudia todo e qualquer ato de preconceito e apoia o seu atleta – diz um trecho do texto.

Veja a íntegra da manifestação de Edenilson

“Boa noite pessoal, passando aqui para me pronunciar, eu sei o que ouvi, realmente eu não reagi provavelmente da forma que deveria, pois foi a primeira vez que isso aconteceu comigo e me incomoda o fato de ficar chamando atenção de outra forma que não seja jogando futebol (quem me conhece sabe). Ser xingado pelo tom da minha pele, minha reação foi a de não paralisar a partida, pois o jogo estava bom e ao mesmo tempo eu não queria que tomasse a proporção que tomou, justamente por nunca ter passado por isso. Eu procurei o atleta para que ele assumisse e me pedisse desculpas, afinal todos erramos e temos direito de admitir, no meu modo de ver as coisas. Mas o mesmo continuou a dizer que eu havia entendido errado. Eu não entendi errado. O procurei pelo respeito que tenho por alguns integrantes do Corinthians, e para que ele pudesse ter uma chance de se redimir, pois independente da nossa cor, o caráter sempre falará mais alto. Enfim, peço desculpas por não estar preparado para reagir a algo desse tipo”.