A produção de milho na safra 2021/2022 teve uma redução de 3% em comparação com a safra passada em Mato Grosso. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), mesmo com o aumento da área semeada, a estiagem é um dos motivos da queda da produtividade no estado.
Os dados mostram que as lavouras de milho ocupam 6,31 milhões de hectares, representando 8,17% a mais que a área da safra passada. A explicação para esse incremento está na demanda crescente de milho no mercado.
O que também contribuiu foi o adiantamento da semeadura. Quase 83% das lavouras foram plantadas dentro do período ideal.
A produtividade estimada é de 103,8 sacas por hectare, 3,26 % a menos do que no levantamento anterior.
Essa queda, segundo a pesquisa, tem a ver com a redução no volume de chuvas no mês de abril em grande parte das regiões produtoras. Neste mês, a perspectiva é que a estiagem continue, principalmente no centro-sul e no oeste mato-grossenses.
De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, o La Niña é o principal fenômeno causador da estiagem.
“De curto prazo o La Niña trouxe problemas sérios, principalmente, nesse último verão na região sul. A longo prazo há uma falta de chuva mais persistente e que é observada especialmente no Sul e no Centro-Oeste do país. Há algumas décadas, na região, o tempo é mais úmido e seco”, disse.
O especialista explica que a pouca chuva no estado está dificultando a realização de duas safras.
“O período de chuva no Brasil vem ficando mais curto nos últimos anos, fazer as duas safras há uma certa dificuldade. A qualidade da chuva que vem caindo durante esses últimos anos está deixando a desejar. A chuva até acontece, mas de forma irregular e não é mais aquela abrangente como acontecia antes. Aqui no Centro-Sul do país o que percebemos é que as frentes frias até passam, mas muito distantes e não se conectam com a umidade da Amazônia, provocando a estiagem”, contou.
O volume total de milho a ser colhido está estimado em 39,35 milhões de toneladas, 20,74 %, acima da última safra.
Mato grosso é quem mais produz milho no país, respondendo por 34 % da safra nacional.
O início da temporada 2021/2022 do milho no estado foi caracterizado pelo adiantamento da semeadura em grande parte do estado por causa da antecipação do plantio e da colheita de soja.
Com a finalização da semeadura do cereal no mês de abril, a atenção dos produtores se voltam para o desenvolvimento do milho, no qual o clima é o principal fator para a sua evolução.
As regiões produtoras do estado vêm sofrendo com a redução das chuvas desde o abril. Modelos climáticos atuais indicam baixos volumes de chuva para maio que variam de 10 mm a 25 mm na maior parte do estado.
O agricultor Rogério Berwanger, de Juscimeira, conta como a falta de chuva está prejudicando a lavoura de milho e comprometendo o resultado da safra.
“Nós temos um histórico aqui na fazenda entre 80 e 120 milímetros de chuva. Esse ano estamos só com garoa e a última chuva foi registrada no dia 25 de março. Então é possível ver no próprio milho que a palha está praticamente seca e o milho está quase morto”, contou.
O produtor disse que tentou diminuir a área plantada com medo da estiagem deste ano.
“Nós reduzimos a área com esse medo, deixamos de plantar mais de 100 hectares e gastamos o adubo na outra área. Plantamos no período ideal, até o dia 21 de fevereiro. Vamos esperar mais uns 10 dias para ver se não chega outra frente fria e chuva”, disse.