Na época do carrancismo, do cangaço e do domínio do mais forte, o Brasil era uma terra sem lei. Nesse tempo, que parecia sepulto em páginas desbotadas da história, homens brutos como argola de laço resolviam suas desavenças na ponta da peixeira.

A estupidez humana produzia tétricos espetáculos de pura selvageria. A ignorância desses brutamontes tinha lá seu lado lúdico. Corpos dilacerados por golpes de faca espargiam jatos de sangue que eram absorvidos pelo chão estorricado pelo sol abrasador do sertão nordestino.

 

Leia Também:

– Baixaria em baixa na política!

– Interina do TCE faz de Campos Neto o banana da corte

– Parecer confirma ilegalidade de Fux contra conselheiros do TCE

– Lei de abuso de autoridade ou estatuto do delinquente?

– Efeito Covid-19: Uber black da PF vai “transportar” prefeitos

 

-Interina do TCE faz de Campos Neto o banana da corte

-Parecer confirma ilegalidade de Fux contra conselheiros do TCE

 

Amarrar a camisa e briga até a morte. Nas batalhas de camisa amarrada geralmente não havia vencido e nem vencedor. A morte era a recompensa pela valentia.

A sociedade evoluiu, tornou-se civilizada. Briga de camisa amarrada virou coisa do passado. Mas essa alternativa para solução de conflito intersubjetivo deveria ser resgatada e colocada à disposição do ministro Alexandre de Moraes e do deputado federal Daniel da Silveira.

Amarrados por suas vestimentas, os dois cabeça de ovo poderiam se entender ou desentender de uma vez para sempre. A batalha final poderia ser na Praça dos Três Poderes, com espaço demarcado para torcida organizada , camarote para as autoridades e área restrita para a imprensa mostrar ao mundo um duelo mortal típico dos vivenciados pelo Coliseu Romano.

Silveira já nocauteou Moraes e empurrou o STF para o lodaçal fétido e miasmático da mais acachapante desmoralização. O ministro escolheu o deputado como sua presa de estimação, mas algo saiu errado. Até aqui Silveira tem sido o predador de Moraes. A briga já perdeu a graça!

Se a condenação imposta pelo STF a Silveira já foi perdoada pelo presidente Jair Bolsonaro, qual sentido faz usar tornozeleira como medida adversa da prisão? Obrigar Silveira a pagar R$ 405 mil por multa é outra medida estapafúrdia. Coisa de ‘otoridade’ cabeça de ovo – aqui pelas bandas de Cuiabá seria cabeça de bagre.

Neste terça-feira, Moraes deu seu show; amanhã, Silveira apresenta replica por meio de sua comédia pastelão. A imprensa acompanha tudo e despeja o subproduto de uma desavença pessoal entre duas autoridades nos lares de cada um e de todos nós que nada temos a ver com essa briga de ego. Daí minha sugestão: que se atraquem de verdade, de preferência com as camisas amarradas.

 

*EDÉSIO DO CARMO ADORNO  é advogado em MT e  Articulista em Mato Grosso.

E-MAIL:                  edesioadorno@gmail.com

CONATO:               www.facebook.com/edesioadorno