O primeiro nome que o Fluminense escolheu para a vaga de Abel Braga, que entregou o cargo e encerrou sua carreira de técnico no Brasil, foi o de Cuca. Atual campeão brasileiro, o treinador de 58 anos está livre no mercado desde que deixou o Atlético-MG em dezembro, alegando problemas familiares, e foi procurado pela diretoria tricolor na noite da última quinta-feira.
O ge apurou que o presidente tricolor, Mário Bittencourt, ligou para o representante de Cuca, Eduardo Uram, com quem tem boa relação, para sondar a situação e manifestar o interesse na volta do técnico, que tem duas passagens pelo Fluminense, entre 2008 e 2010, e ficou marcado pela surpreendente arrancada para escapar do rebaixamento no Campeonato Brasileiro de 2009. Em contato com a reportagem, o empresário confirmou o convite, mas descartou a possibilidade:
– O Fluminense me procurou, sim, e eu falei com o Cuca sobre o interesse. Desde a saída do Atlético-MG, o Fluminense é o terceiro ou quarto clube que procurou o Cuca no Brasil, mas ele ainda não está preparado para voltar (a assumir um time). Apesar de ter muito carinho pelo clube, das lembranças espetaculares da última passagem, quando era um objetivo diferente, mas que foi atingido (fuga do rebaixamento em 2009), fica sempre uma memória bonita. Não chegou a ser uma proposta, não falamos em valores, mas nesse momento ele declinou do interesse.
Cuca chora com a permanência do Fluminense na Série A em 2009 — Foto: ge
Na nota oficial do Atlético-MG para anunciar a saída de Cuca em dezembro, há um trecho onde a diretoria do Galo disse que o técnico deu a palavra de que não assumiria outro time nesta temporada: “o treinador também afirmou, na mesma reunião, que não iria trabalhar em nenhum outro clube em 2022, para se dedicar unicamente às questões familiares”. Ele está com a família no Paraná.
Nos bastidores, Cuca é um dos nomes cotados para assumir a seleção brasileira após a Copa do Mundo do Catar no final do ano. O técnico Tite, que está no cargo desde junho de 2016, já anunciou que sairá depois da participação no Mundial, independentemente do resultado. Se a CBF não for atrás de um treinador estrangeiro, o atual campeão brasileiro surge como um dos favoritos.
Fernando Diniz, o mais cotado
A investida em Cuca foi feita, mas já se imaginava internamente que o treinador seria uma opção improvável neste momento. Com isso, a diretoria tricolor volta as atenções para o mercado e vai atrás de outro nome a partir desta sexta-feira. Quem segue como o mais cotado para assumir o time é Fernando Diniz. Ele não foi procurado ainda, mas é o que mais agrada entre os nomes na mesa.
Fernando Diniz continua como mais cotado para assumir o Flu — Foto: Lucas Merçon / Fluminense FC
O técnico, que teve como seu último clube o Vasco no ano passado e está livre no mercado, já passou pelo Fluminense em 2019, já na gestão de Mário Bittencourt. Em entrevista ao ge em junho de 2021, o presidente tricolor foi questionado de algum arrependimento ao longo da gestão e respondeu:
– Eu não teria demitido o Fernando Diniz naquele momento. É duro dizer isso porque depois veio um treinador que deu mais resultado, que foi o Odair. Mas naquele momento eu não tiraria o Fernando. Acho que o time jogava bem, e a gente ia conseguir sair (da zona) com o Fernando. Mas o comando do futebol não estava na minha mão, faltava estabilidade, ambiente estava muito instável, eu acabei cedendo. Hoje eu faria diferente. Ou se ele tivesse saído eu teria efetivado o Marcão diretamente.
Na época, o então vice de futebol, Celso Barros, foi o grande incentivador da demissão de Diniz, enquanto Mário e Angioni preferiam mantê-lo, mas foram convencidos do contrário. Porém, a relação entre eles continuou boa, e inclusive o treinador jamais entrou na Justiça para cobrar o que o clube lhe devia. Ele aceitou fazer um acordo extrajudicial e não ajuizou o processo mesmo quando o pagamento das parcelas do compromisso atrasava, atitude que foi muito valorizada internamente.
Como noticiado pelo site “NetFlu”, alguns jogadores manifestaram internamente o desejo de trabalhar com Diniz. O ge apurou que não houve uma movimento coletivo para isso após a saída de Abel, mas algumas lideranças do elenco se mostraram favoráveis ao nome em contato com a diretoria. Inclusive atletas que nunca trabalharam com o treinador viram com bons olhos a possibilidade. (GE)