Registros de ataques de porcos selvagens, alguns híbridos de javali e de javapoco, têm sido comuns em lavouras no interior de Mato Grosso. O principal alvo desses animais, segundo os produtores, são as plantações de milho, que, por serem uma grande fonte de alimentos, atraem catetos, queixadas, javalis e javaporcos – cruzamento de porco doméstico com javali selvagem.
O produtor rural Tiago Stefanello, de Sorriso, no norte do estado, revelou que parte das safras têm sido perdidas devido aos ataques. Segundo ele, ocorreu um aumento considerável de invasão de porcos-do-mato nas lavouras nos últimos anos.
“Temos esse problema todos os anos e os prejuízos passam de dezenas de mil reais. Não há controle e, infelizmente, não podemos abater. As leis precisam mudar urgentemente”, pontuou o produtor rural.
Tiago disse que no último ataque, registrado neste ano, foram destruídos mais de 20 hectares de plantações de soja, milho, algodão e arroz. O prejuízo estimado é de mais de R$ 100 mil.
Há registros de ocorrências semelhantes em propriedades de Porto dos Gaúchos, Primavera do Leste, Querência e Vera.
Em 2013, foi autorizado o abate apenas de javalis e javaporcos, sob autorização e supervisão do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). No entanto, os produtores citam que a caça de outras espécies de porcos selvagens também deveria ser liberada para auxiliar no controle e diminuir os prejuízos nas fazendas.
De acordo com o Ibama, caso o produtor identifique riscos no cultivo dentro da propriedade, deverá fazer um cadastro junto ao órgão para conseguir a permissão para o abate. Depois disso, ele deverá citar em um relatório a quantidade de animais abatidos.
A matança de animais silvestres sem autorização do Instituto pode gerar multa de R$ 500 por animal abatido. A mesma punição é válida para quem destruir abrigos naturais dessas espécies.
A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) recomenda aos agricultores que usem um aplicativo chamado ‘TimeStamp Camera Basic’, para registrar as invasões dos porcos selvagens.
O objetivo é montar um banco de dados para que o Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) façam o controle.
O aplicativo ajuda no georreferenciamento dos ataques, informando a localização exata, data por meio de fotos e vídeos.
O Sindicato Rural de Primavera do Leste defende que a caça para consumo humano, respeitando as regras ambientais, pode ajudar a diminuir os ataques e minimizar os prejuízos.
No entanto, atualmente, não há liberação legal para isso no Ibama e não existe previsão de quando esse tipo de ação poderá ser autorizado.