Ressaltar e contar histórias de vidas que tiveram por finalidade fazer o bem é apostar na essência humana. O bem é a substância que faz da vida, sentido. E assim o foi Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, que nasceu no dia 29 de agosto de 1831 e faleceu em 11 de abril de 1900, deixando um legado para além da sua existência material.
Começou os seus estudos em ciências médicas após o falecimento do genitor, já no ano de 1852, tendo se graduado em 1856. Para poder custear os seus estudos foi professor de algumas disciplinas como Filosofia e Matemática.
Já no exercício de seu verdadeiro ‘sacerdócio’, e praticava mesmo, se mostrou caridoso, sobretudo com as pessoas menos afortunadas, com imenso carinho e dedicação especial confirmando a própria essência. A política foi consequência lógica que optou buscando ‘coroar’ de êxito o trato dos seres humanos.
Leia Também:
– Criminalidade
– Liberdade como possibilidade
– Democracia e constitucionalismo
– Fígado saudável, alma que suporta…
– Os Santificados…
-Qualquer pensamento, qualquer existência
-Do pensamento, felicidade!
-Sou por estar
-Amar, de menos a mais
-Ouvir e calar
-Rir e chorar
-Somos e sermos…
-Violência circular
-Dever para com o povo
-A verdade que basta
O também inesquecível Freitas Nobre o definiu: “a ciência de criar o bem de todos”.
A política foi um ciclo que se iniciou e fechou para Bezerra de Menezes, tendo sido consagrado pela opinião pública pelo excelente trabalho desenvolvido.
Como médico, e naquela época poucos, as famílias contavam com os “médicos das famílias”, verdadeiros heróis e abnegados.
A história mais contada a seu respeito foi a de entregar o anel de formatura em medicina para que uma mãe o vendesse para comprar remédios para o filho doente.
Eternizou: “Solidários, seremos união. Separados, um ponto de vista. Juntos, alcançaremos a realização de nossos propósitos.”
Se aproximou do espiritismo ao ser presenteado com a obra “O Livro dos Espíritos”. Assim, por possuir o conhecimento de pelo menos três idiomas, traduziu obras de Allan Kardec para o português. Foi a primeira pessoa a difundir a doutrina espírita em terras brasileiras.
Disse: “Lia, mas não encontrava nada que fosse novo para o meu espírito, entretanto tudo aquilo era novo para mim (…) parece que eu era espírita inconsciente, ou mesmo, como se diz vulgarmente, de nascença.”
Menezes defendia o espiritismo na época em que a doutrina foi motivo de muita intolerância religiosa. A mediunidade era algo desconhecido e aterrorizante, filtrada por ruídos, pancadas, sons e movimentos cujas causas se desconheciam.
Se na atualidade a “compreensão” para o fenômeno espiritual ainda é modesta, o que dizer e pensar no século XIX? Assim, ao mesmo tempo em que era hostilizado ao proferir curas, logrou-se amado pelos beneficiados e beneficiadas. Contudo, comissões investigativas eram formadas para analisar os fenômenos, tidos por inexplicáveis.
Bezerra de Menezes é dessas figuras de “forma” única, barro de qualidade e único. Com o consultório sempre repleto de pessoas, era aos pobres que se dedicava. E irmanado com o destino, desencarnou pobre aos olhos materiais, mas espiritual… para ele, missão não tem preço, tem resultado e legitimidade.
Após seu retorno à pátria espiritual foi necessário somar contribuições de amigos e amigas para ajudar a sua família.
Sem qualquer dúvida, de algum lugar desse mistério todo que é a espiritualidade, ajuda mentes e corações aflitos pela desigualdade social, opressão e injustiça. Para Bezerra de Menezes, a ação pelo bem era de maior sublimidade, de maior envergadura que a religiosidade: “É melhor, às vezes, lidar com quem diz não ter religião e ama o próximo, servindo-o, do que com aqueles que se dizem religiosos, não amando o próximo e explorando-o.”
É por aí…
*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO (Saíto) é formado em Filosofia e Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); é membro da Academia Mato-Grossense de Magistrados (AMA), da Academia de Direito Constitucional (MT), poeta, professor universitário e juiz de Direito na Comarca de Cuiabá. E é autor da página Bedelho Filosófico (Face, Insta e YouTube).
E-MAIL: antunesdebarros@hotmail.com
— — — —
CONTATO: bedelho.filosofico@gmail.com
— — — —
FACEBOOK: www.facebook.com/bedelho.filosofico