A bola vai rolar pelo Brasileirão e a primeira rodada é neste final de semana. A equipe do ‘Favoritismos’ realiza um trabalho de prognósticos e apresenta o potencial que cada time carrega para a estreia no Brasileirão 2022 comparando o desempenho nos últimos 60 dias como mandante ou visitante em todas as competições e nos últimos seis jogos, independentemente do mando. Também são consideradas as performances defensiva e ofensiva das equipes no jogo aéreo e no rasteiro.

Os cálculos referentes à influência de bolas altas e de troca de passes rasteiros entre gols marcados e sofridos só consideram as características dos gols marcados em jogadas. Gols olímpicos, cobranças de pênaltis e de faltas diretas não contam para determinar a influência aérea ou rasteira por serem cobranças feitas diretamente para o gol.

Em parceria com o economista Bruno Imaizumi, analisamos 83.406 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.419 jogos de Brasileirões desde 2013 que servem de parâmetro para medir a produtividade atual de cada equipe a partir da expectativa de gol (xG), métrica consolidada internacionalmente (veja a metodologia no final do texto).

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Fluminense

 

Neste início de temporada, o Fluminense não sofreu gol em 65% dos jogos (13 de 15), segunda melhor marca defensiva entre os times da Série A. Tem a segunda defesa menos vazada no geral, com média de 0,45 gol sofrido por partida. Sempre paira a dúvida sobre se isso se repetirá no Brasileirão, com nível técnico muito superior ao do Carioca, mas antes de se reforçar, o Santos tinha a quinta menor média de gols marcados por partida (1,33). Em casa, o Fluminense levou 0,55 gol por jogo e não sofreu gol em seis de 11 jogos (55%). O Santos fora de casa tem média de 1,33 gol pró e só não levou gol em dois de nove jogos. O ataque santista está sendo mais feliz no jogo aéreo: sem contar gols de falta e pênalti, fez seis dos últimos dez gols com bolas altas, mas o Fluminense sofreu quatro dos últimos nove gols assim, pouco menos da metade, portanto.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Flamengo

Entre os times da Série A, o Flamengo tem o quarto melhor ataque, com média de 2,00 gols por partida. A defesa do Atlético-GO vem bem, com média de 0,74 gol sofrido por jogo. Embora o Campeonato Goiano, do qual foi campeão, não seja parâmetro para um jogo contra o Flamengo, vale lembrar que a equipe goiana derrotou a LDU por 4 a 0 em casa pela Copa Sul-Americana, o que dá moral, embora o nível técnico do elenco do Flamengo seja historicamente superior. Até aqui, é um jogo para bolas rasteiras, porque sem contar faltas diretas e pênaltis, o time goiano só fez um dos últimos dez gols com bolas altas, e o Flamengo fez e sofreu quatro dos últimos dez gols assim. Mas vale destacar que o Atlético-GO sofreu seis dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mostrando uma fragilidade que poderá vir a ser explorada pela equipe carioca.

 

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Palmeiras

Palmeiras tem ampla vantagem histórica pela Série A de 2006 para cá quando mandante, com cinco vitórias em seis jogos contra o Ceará, que ainda não venceu. Duas equipes que vêm mostrando extrema competência defensiva, o que é um ótimo início: o Palmeiras não levou gol em 14 de seus 21 jogos na temporada (67%) melhor marca entre a elite brasileira. E o Ceará tem nada menos do que o terceiro melhor desempenho no quesito, sem levar gol em nove (64%) dos 14 jogos disputados, principalmente pela Copa do Nordeste (nove). Mais uma vez se dirá que o Palmeiras precisará de cuidados defensivos com o jogo aéreo porque sem contar faltas diretas e pênaltis, levou seis dos últimos oito gols a partir de bolas altas, e o Ceará fez assim metade dos últimos dez gols e só levou um dos últimos cinco, enquanto o Palmeiras fez metade dos últimos dez pelo alto.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Coritiba

Coritiba jogou 17 partidas do estadual e dois da Copa do Brasil. Sim, o nível é mais baixo do que o do Brasileirão, mas o Goiás não conquistou o Goiano. A equipe paranaense tem o quarto melhor desempenho defensivo quando mandante entre os times da Série A, com média de 0,5 gol sofrido em oito jogos em casa (quatro gols sofridos). A partir de agora é que descobriremos quão consistente isso se mostrará, mas é um indicador de qualidade até aqui. O Goiás tem18 jogos na temporada, sendo 16 pelo Goiano e está com a sexta maior média de gols quando visitante, com 15 gols em nove jogos (1,67). Um problema para o Goiás, aparentemente, é que usou bolas aéreas em seis dos últimos dez gols sem contar faltas diretas e pênaltis, mas o Coritiba só levou a partir de jogadas aéreas um dos últimos dez gols sofridos.

 

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

*Devido aos arredondamentos, a soma das probabilidades é diferente de 100% — Foto: Espião Estatístico

Favorito >> Atlético-MG

Nos últimos quatro anos, o Atlético-MG quando mandante só venceu uma vez (2021) o Internacional, que ganhou dois jogos (2018 e 19) e empatou o outro. Mas o time minero do ano passado segue dando alegrias ao seu torcedor: tem o melhor desempenho geral neste início de temporada entre todos os 20 times da Série A, com aproveitamento de 85% dos pontos (13 V, 2 E, 1 D), com o segundo melhor ataque (35 gols em 16 jogos, média 2,19) e a terceira melhor defesa, com média 0,5 sofrido por jogo. Em casa, o aproveitamento do Atlético-MG vai 92% (7 V, 1 E, 0 D). Sim, terá de confirmar isso no Brasileirão e vem mostrando potencial. Estadual por estadual, o Inter fez 15 jogos na temporada, sendo 13 pelo Gaúcho, e seu aproveitamento como visitante está em 44% (3 V, 3 E, 3 D). Precisa melhorar muito, agora contra adversários de nível mais alto. E teoricamente encontrará uma dificuldade extra: sem contar faltas diretas e pênaltis, fez só dois dos últimos dez gols a partir de jogadas aéreas, mas foi pelo alto que os adversários surpreenderam a equipe de Minas Gerais, que levou assim seis dos oito gols sofridos em 16 jogos.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Botafogo

É de se esperar um jogo mais rasteiro do que aéreo, já que sem contar pênaltis e faltas diretas, o Botafogo só fez e levou três dos últimos dez gols pelo alto, e o Corinthians fez quatro e sofreu metade dos últimos dez dessa forma. Em toda a temporada, o Corinthians fez oito jogos como visitante e tem o sexto pior aproveitamento (3 V, 1 E, 4 D). Nos últimos dois meses, como mostra o quadro acima, tem o terceiro pior aproveitamento visitante (1 V, 1 E, 4 D, 22%). Ou seja, vem piorando seu desempenho em relação ao início do ano. Mal sinal, mas o desempenho do Botafogo também caiu (71% na temporada toda – 5 V, 0 E, 2 D, 11º entre os mandantes – e 60% no bimestre – 3 V, 0 E, 2 D, 15º). Torcedores corintianos vêm colocando muita pressão sobre os atletas, enquanto o botafoguense sabe que o clube está em reconstrução, inclusive estreando o treinador. A ver quem começará mostrando maior intensidade dentro desse cenário. Pela Série A como visitante, o Corinthians venceu o último confronto, em 2020, depois de seis vitórias consecutivas do Botafogo como mandante pela competição.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Fortaleza

Neste confronto já é de esperar por gol a partir de jogada aérea: sem contar pênaltis e faltas diretas, as duas equipes fizeram metade dos últimos dez gols dessa forma e sofreram seis (o Fortaleza dos últimos dez, e o Cuiabá, de nove). Há potencial para sair gol com bola alta. O Cuiabá é dominante no Mato-Grossense e mesmo contando dois jogos pela Copa do Brasil e um pela Sul-Americana em casa, não perde há 13 jogos. A ver se suportará a pressão do Fortaleza, que perdeu contra o Colo-Colo, em casa, em sua estreia na Copa Libertadores, uma invencibilidade de 16 jogos no ano, principalmente pela Copa do Nordeste (12 partidas). Entre os times da Série A, o Fortaleza é o quinto melhor mandante da temporada (8 V, 1 E, 1 D, 83%) e o Cuiabá é “apenas” o oitavo visitante (5 V, 2 E, 1 D, 71%), com seis dessas oito partidas fora de casa sendo pelo estadual (perdeu para o Luverdense).

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> São Paulo

Como o Athletico-PR tem um início de temporada diferente, usando garotos, é mais difícil analisá-lo, mas caiu nas semifinais do Paranaense frente ao Coritiba, que também é time de Série A, vem de empate contra o Caracas fora de casa pela Libertadores e só ganhou dois dos últimos nove jogos (ambos pelo estadual). No entanto, nos últimos seis anos vem dando trabalho quando é visitante pela Série A contra o São Paulo, que só venceu dois dos últimos seis confrontos, com dois empates e duas vitórias paranaenses. Ambos os times têm conseguido fazer mais gols em jogadas rasteiras, com seis dos últimos dez gols sendo marcados assim. O São Paulo sofreu metade em jogadas rasteiras, e o Athletico-PR levou seis dos últimos dez por baixo. Em toda a temporada 2022, o São Paulo tem o sexto melhor desempenho mandante entre os times da Série A (7 V, 2 E, 1 D, 77%), com a quarta melhor defesa caseira, cinco gols sofridos em dez jogos (média 0,5). Não levou gol em metade dos jogos em casa.

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> América-MG

 

A partida tem forte potencial para gol do América-MG a partir de jogada aérea: marcou nada menos que oito dos últimos dez gols pelo alto (sem contar pênaltis e faltas diretas), e o Avaí levou dessa forma seis dos últimos dez. A equipe mineira só levou pelo alto três dos últimos dez, e o Avaí faz metade pelo alto e metade em jogadas rasteiras, teoricamente é mais provável chegar ao gol por baixo, mas é futebol, onde só há incertezas. Entre os 20 times da Série A, o Avaí tem o pior aproveitamento (3 V, 6 E, 7 D, 31%) e mesmo em casa tem a segunda pior campanha (3 V, 2 E, 4 D, 41%). Curiosamente, o ataque do América-MG tem melhor desempenho quando visitante (média 1,13 gol por partida), como nesta rodada, do que quando mandante (0,70 é o pior da Série A).

 

 — Foto: Espião Estatístico

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Favorito >> Bragantino

Um jogo difícil: até aqui, o o Juventude é o quarto pior mandante (2 V, 3 E, 1 D, 50%), e o Bragantino é o pior visitante (1 V, 1 E, 5 D, 19%). A partir dos dados, o Bragantino deve buscar o ataque em bolas altas, já que sem contar pênaltis e faltas diretas, fez a partir de jogadas aéreas sete dos últimos dez gols, e o Juventude sofreu quatro dos oito gols dessa forma. O Bragantino também sofreu sete dos últimos dez gols pelo alto, e o Juventude fez quatro de nove gols assim (fez dois de pênalti e um de falta direta).

Metodologia

 

Apresentamos as probabilidades estatísticas baseadas nos parâmetros do modelo de “Gols Esperados” ou “Expectativa de Gols” (xG), uma métrica consolidada na análise de dados que tem como referência 83.406 finalizações cadastradas pelo Espião Estatístico em 3.419 jogos de Brasileirões desde a edição de 2013. Consideramos a distância e o ângulo da finalização, além de características relacionadas à origem da jogada (por exemplo, se veio de um cruzamento, falta direta ou de uma roubada de bola), a parte do corpo utilizada, se a finalização foi feita de primeira, a diferença de valor mercado das equipes em cada temporada, o tempo de jogo e a diferença no placar no momento de cada finalização.

Para esta edição do Brasileirão, o desempenho de um jogador passa a ser comparado com a média para a posição dele, seja atacante, meia, volante, lateral ou zagueiro, e passamos também a considerar o que se esperava da finalização se feita com o “pé bom” (o direito para os destros, o esquerdo para os canhotos) e para o “pé ruim” (o oposto). Foram identificados os ambidestros, que chutam aproximadamente o mesmo número de vezes com cada pé.

De cada cem finalizações da meia-lua, por exemplo, apenas sete viram gol. Então, uma finalização da meia-lua tem expectativa de gol (xG) de cerca de 0,07. Cada posição do campo tem uma expectativa diferente de uma finalização virar gol, que cresce se for um contra-ataque por haver menos adversários para evitar a conclusão da jogada. Cada pontuação é somada ao longo da partida para se chegar ao xG total de uma equipe em cada jogo.

O modelo empregado nas análises segue uma distribuição estatística chamada Poisson Bivariada, que calcula as probabilidades de eventos (no caso, os gols de cada equipe) acontecerem dentro de um certo intervalo de tempo (o jogo). Para chegar às previsões sobre as chances de cada time terminar o campeonato em cada posição foi empregado o método de Monte Carlo, que basicamente se baseia em simulações para gerar resultados. Para cada jogo ainda não disputado, realizamos dez mil simulações.

Favoritismos está apresentando também gráficos com a evolução da média móvel em cinco jogos da expectativa de gol (xG) de cada equipe no ataque e o acumulado do que fizeram seus adversários nessas partidas. Para os gráficos, a cada cinco jogos é feita uma média móvel, que é representada pelas linhas de ataque (preta) e defesa (vermelha, que na verdade é quanto o adversário somou em xG em cada jogo). É uma forma precisa de medir o potencial de cada equipe. A linha amarela mostra a diferença entre as produções dos ataques do time analisado e de seus adversários.

*A equipe do Espião Estatístico é formada por: Felipe Tavares, Guilherme Maniaudet, Guilherme Marçal, João Guerra, Leandro Silva, Mateus Pinheiro, Roberto Maleson e Valmir Storti. (Favoritismo/GE)