Os costumes e o modo de viver em Cuiabá é uma coisa mágica, e que aqueles que vieram para cá, jamais vão entender, o porquê das pessoas que nascem aqui estar sempre bem humoradas e voltadas para o “viver feliz”.

O cuiabano pode ser definido como uma pessoa alegre e que encontra prazer nas pequenas coisas que este lado de mundo lhe ofereceu. Viver mais de dois séculos segregados e isolados do resto do país foi sofrido, por um lado foi ruim, mas por outro lado foi muito bom porque se preservou: a cultura, a culinária, o sotaque e o modo de viver.

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O cuiabano é um verdadeiro “bon vivant” porque sabe festejar a vida e todo final de semana estão reunidos: valoriza a cervejinha bem gelaaaaaaaaaaada; joga o truco espanhol como ninguém e dos fundos dos quintais veem os gritos:

–  “truco, quero retruco, quero seu chapéu, seu bananinha de “bolicho”, seu mambira, capim de taipa”;

– ou mesmo o jogo de bozó: “quero em baixo ou quero em cima”;

– ou  uma boa pescaria de bagres, pacu e pirapitingas, que depois são preparadas obedecendo as regras da culinárias cuiabana e que formam os famosos pratos típicos;

– ou participar das “roda de bate-papo” que aos domingos os parentes e amigos se reúnem  pra comer uma cabeça de boi assada, tendo como tira gosto, ventrechas de pacu frito,  e acompanhada de uma caipirosca para quebrar o gelo e a esperada caixas de cervejas que cada um traz para engordar a alegre reunião, e assim, segue os encontros entre parentes e amigos que transformam em momentos para se fazer uma boa “moagem” e colocar apelidos em todo mundo com a maior naturalidade, e com isso, e essas reuniões transformam em gostosas gargalhas, e assim, todos que chegam, estão bem chegado, ficando todos bem a vontade, e essa reunião só acaba depois do jantar, porque quando um cuiabano lhe diz vim passar o dia só vão embora – “depois que o dia já foi e depois da janta”.

O cuiabano é assim, hospitaleiro, festeiro, animado, e por isso,  abre o seu mundo e a sua vida para receber os amigos,  e por nada,  já convida o “estranho” para tomar uma cerveja na sua casa e oferece o que tem na cozinha como forma de aproximação e forma um pacto para gerar confiança da pessoa que nunca viu, e assim, o cuiabano cria uma grande possibilidade de amizade.

Em cada nascer de um novo dia, é mais um momento mágico para o Cuiabano venerar esse dia, e com bom humor que lhe é peculiar, por exaltar a continuação da vida, e principalmente com uma forma de agradecer a Deus pelo espetáculo de estar vivo e poder cumprir o código de amor, e junto com a sua amada,  poder dar continuidade da espécie,  fazendo o pacto de amor, aumentando as gerações de cuiabanos.

Logo que amanhece, o cuiabano toma o seu guaraná ralado na grosa, e no vai-e-vem dos movimentos lentos para não queimar o bastão, e no devagar, é que propicia o “pensar” no dia que passou e no planejar o dia que começa, é nesse momento que ele passa a filosofar sobre a sua vida, e define os objetivos com as ações para alcançar o sucesso no novo dia. Essa bebida por ser estimulante, coloca o cuiabano num perfeito estado de sintonia com o mundo, revigorando e tirando todo o estado depressivo, e que raramente afeta o cuiabano.

E, por falar no guaraná de ralar, a cultura cuiabana diz que: a pessoa mais idosa é a mais indicada para ralar o guaraná, sabe porque?

É, que os movimentos lentos que a idade impõe ao idoso, este com a sua lentidão executada ao passar o bastão lentamente contra a grosa, o pó sai sem queimar, garantindo o seu sabor inconfundível, e no ultimo gole o cuiabano lambe até o “beiço”, e diz: haaaaaaa, que bom.

Após o guaraná,  o cuiabano tem como desjejum o famoso “quebra-torto”, podendo ser um escaldado de ovo de galinha caipira, ou um revirado de carne cortada à faca e mexido na farinha, ou mesmo uma paçoca de carne seca socada no pilão com uma “bananinha” bem madura, só depois desse desjejum, é que  o cuiabano estará preparado para começar o seu dia de trabalho, pois aqui tem um ditado: saco vazio não para em pé..

É bom demais ser cuiabano, e saber que a nossa cidade é muito jovem, pois são temos três séculos, temos que estar atentos e unidos para projetar uma Cuiabá, sempre com um pé no passado e outro no futuro, mantendo as nossas tradições, mas planejando a cidade pensada na vocação deste povo que sabe receber bem a todos, e acima de tudo, precisamos desenvolver projetos para manter o centro histórico e projetar todo tipo de mobilidade urbana e expandindo a cidade de forma horizontal com implantação de novos condomínios, porque logo passaremos a ter um milhão de habitante.

Para viver em Cuiabá é preciso que o forasteiro tenha da “cara da felicidade” e não um lamentador, mas acima de tudo terá que entender o povo cuiabano nas suas raízes, terá que ser um festeiro por excelência, que não seja um reprodutor de lamúrias infinitas.

Para conviver no Centro da América do Sul, é preciso que as pessoas vida de outras vivências, tenham a sensibilidade e respeito à cultura secular desta cidade, e que saiba gostar e saborear a culinária da terra, que traz o sabor do tempero da doce vivência e tenha como a vontade de entender a preservação da própria  história do povo cuiabano, e antes de criticar o sotaque forte, entenda que é uma mistura da linguagem sul-americana promovida pela segregação, o sotaque cuiabano existe para distinguir o verdadeiro cuiabano dos outros, pois é singular, é lindo, é impar.

Vamos preserva a nossa história e a cultura desta cidade sem igual, mas acima de tudo, saibam que tudo que Cuiabá é hoje, não foi construída agora, é uma cidade história e  que passou por grandes dificuldades na sua construção física e cultural pelo isolamento e distanciamento em relação aos grandes centros, quem vive aqui tem a característica própria e  tem um jeito muito especial, recebe a todos de braços abertos, que é  próprio da formação deste povo gentil e ser cuiabano é ser  um  “bon vivant”, pois o cuiabano nasceu para festejar a vida e viver feliz.

 

*WILSON CARLOS SOARES FUÁH   é economista; especialista em   Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas.

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