Pelo menos um dos 81 policiais alvos da ‘Operação Simulacrum’ não teria participado de nenhum confronto, segundo o novo comandante da Polícia Militar, coronel Alexandre Correa Mendes. Durante cerimônia de passagem de comando, na última sexta-feira (1°), o coronel reforçou a solidariedade da corporação aos acusados.

“Eu conheço vários ali e vários ali trabalharam no combate ao ‘novo cangaço’, uma referência à cidade de Nova Bandeirantes. Então, eu tenho um policial que ficou 52 dias combatendo o crime organizado e ele foi preso. Eu tenho policial que sequer participou de qualquer tipo de enfrentamento e ele foi preso. Então, esses fatos, eles existem. Agora, se houve qualquer tipo de desvio de conduta, nós temos todos os meios legais e jurídicos para combater e corrigir. Mas, eu reafirmo: temos ali são policiais que merecem total respeito e apoio do comando da Polícia Militar”, disse.

O discurso segue o mesmo tom do coronel Jonildo José de Assis, que deixou o comando da PM e deve ingressar na carreira política.

As investigações da Polícia Civil, contudo, apontam que a Polícia Militar, sob a gestão de Assis, dificultou o acesso as informações necessárias para a continuidade das diligências. O novo comandante da PM saiu em defesa do colega de farda, mas garantiu que irá colaborar com a Justiça.

“Nós vamos tomar par do que ocorreu, se houve alguma coisa nesse sentido, porque todas as informações solicitadas pela Justiça, elas devem ser prestadas. Para mim, é uma surpresa se, por ventura, não houve qualquer tipo de informação. Nós vamos verificar em que momento houve esse ruído, porque não acredito que o comandante geral coronel Assis possa ter omitido qualquer tipo de informação para quem solicitou”, defendeu.

SIMULACRUM

A Operação Simulacrum investiga o envolvimento de mais de 80 policiais na execução de 24 pessoas. Segundo a Polícia Civil, os militares forjavam confrontos para justificar as mortes.

A matança tinha como objetivo a autopromoção dos policiais e de seus respectivos batalhões, conforme apurado pela Polícia Civil.

Os PMs contavam ainda com um intermediário que era responsável por atrair as vítimas para as emboscadas. Em geral, eram escolhidas pessoas com extensas fichas criminais.