Um relatório feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) acusa o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) de autorizar que dezenas de pessoas furassem a fila da vacinação contra a Covid-19, no ano passado. Dente os denunciados estão o filho dele e deputado federal Emanuelzinho (PTB), um de seus irmãos, Marco Polo Pinheiro, o Popó.

O celular de Emanuel foi apreendido no dia 19 de outubro do ano passado, durante busca e apreensão da Operação Capistrum, que investiga um esquema de centenas de nomeações ilegais na Secretaria Municipal de Saúde.

Conteúdo extraído de um dos celulares apreendidos do prefeito mostra que ele agendou, pessoalmente, as datas de vacinação  para 47 pessoas. Mesmo diante das provas, o prefeito alega inocência e se diz tranquilo.

“Estou bem tranquilo sobre isso. Não ouve nenhum fura fila na minha gestão. até porque tudo precedia de cadastro, certo que em alguns momentos o sistema falhava, mais recebo isso da forma mais tranquila do mundo”, disse, durante conversa com os jornalistas na segunda-feira (28).

O esquema

O esquema de “fura-fila”, segundo o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), funcionava da seguinte forma: parentes e agentes públicos entravam em contato com o prefeito Emanuel, geralmente via WhatsApp, indicando os nomes.

Emanuel, então, repassava os nomes para uma pessoa identificada em seu celular como “Gilmar Saúde”.

O Gaeco acredita que se trate de Gilmar de Souza Cardoso, o coordenador técnico de Tecnologia e Informática da Secretaria de Saúde de Cuiabá à época.

Em conversa de WhatsApp com “Gilmar Saúde”, entre os dias seis de julho e 19 de setembro do ano passado, Emanuel encaminhou diversos arquivos em PDF com nome de indicados para tomar a vacina.

“Destaca-se que, assim que as solicitações de agendamento eram feitas ao prefeito Emanuel Pinheiro, aquelas que ele acha pertinentes, realizava o encaminhamento do cadastro/dados ao Sr. Gilmar para que este realizasse o agendamento, posteriormente o Sr. Gilmar encaminhava o comprovante de agendamento ao prefeito Emanuel Pinheiro, que na sequência repassava tal comprovante ao solicitante do agendamento”, diz o relatório do Gaeco.