O julgamento dos três policiais militares acusados da morte do tenente do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Carlos Henrique Paschiotto Scheifer, em maio de 2017, em Matupá, a 697 quilômetros ao norte de Cuiabá, está marcado para esta quinta-feira (24) na Vara Militar de Cuiabá.

O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) informou que a sessão de julgamento será conduzida pelo juiz Marcos Faleiros e deve começar às 13h30.

Durante as investigações sobre o caso, os militares mantiveram a versão de que Scheifer havia sido morte em um confronto. No entanto, um exame de balística revelou que o tiro que matou o tenente foi disparado pelo cabo Lucélio Gomes Jacinto.

À época, além de Lucélio, Joailton Lopes de Amorim e Werney Cavalcante Jovino foram presos pelo homicídio, mas atualmente respondem o processo em liberdade.

Uma investigação da Corregedoria da Polícia Militar apontou que eles inventaram o confronto com ladrões de banco para encobrir a morte de Scheifer. A ação terminou com quatro suspeitos presos e dois mortos, além de outros dois que conseguiram fugir.

As investigações apontaram que os militares cometeram o crime porque queriam evitar que o tenente Carlos Scheifer, que liderava equipe, os denunciasse por desvio de conduta na morte de um dos suspeitos do roubo.

No ano passado, o Ministério Público Estadual (MPMT) pediu à Justiça a condenação do cabo Lucélio e a absolvição do sargento Joailton e do soldado Werney. No documento o promotor cita que as provas do processo são suficientes para demonstrar que Lucélio praticou o crime, mas são insuficientes para imputar a coautoria ao sargento e ao soldado.

Tenente do Bope foi morto por colegas — Foto: Polícia Militar de Mato Grosso

Tenente do Bope foi morto por colegas — Foto: Polícia Militar de Mato Grosso

 

O confronto 

Segundo o Ministério Público, os fatos começaram com a perseguição da viatura da polícia, cuja equipe estava sob o comando de Scheifer, a duas caminhonetes em que estavam os suspeitos de um roubo.

Na ocasião, um dos veículos sumiu durante a fuga e o outro perdeu o controle na estrada, quando quatro dos ocupantes já desceram atirando contra os policiais.

A tentativa de prender os assaltantes que, inicialmente, parecia ter sido frustrada, acabou dando certo no dia seguinte com apoio de outros militares que atuavam em cidades próximas.

Um dos veículos foi localizado em um posto de combustível em Matupá e o motorista Agnailton Souza dos Santos foi preso.

Com base nas informações obtidas no interrogatório do acusado, a equipe liderada por Scheifer fez um cerco policial a um imóvel localizado em um bairro de Matupá, para prender outros suspeitos.

A morte

Durante buscas no local do primeiro confronto, o tenente Scheifer foi atingido por disparo de arma de fogo na região do abdômen.

Inicialmente, conforme o Ministério Público, os colegas de farda sustentaram que a vítima havia sido atingida por disparo efetuado por suspeito não identificado, que estaria em meio à mata, do outro lado da rodovia.

Após a realização do laudo pericial ficou comprovado que o projétil alojado no corpo do tenente partiu de um fuzil portado pelo cabo PM Lucélio.

O promotor disse que nenhuma das versões apresentadas pelo autor dos disparos foi plausível.

Carlos Henrique Scheifer, tenente do Bope, foi baleado e morreu — Foto: Polícia Militar de MT/ Divulgação

Carlos Henrique Scheifer, tenente do Bope, foi baleado e morreu — Foto: Polícia Militar de MT/ Divulgação