Embora diga que fica no União Brasil (UB) se depender do seu coração, o ex-governador Júlio Campos afirma que vai pensar até 31 de março se permanecerá na nova sigla formada a partir da fusão do Democratas e do PSL. O político quer sair candidato a deputado estadual nas eleições 2022.
“Eu vou decidir com a razão, com a cabeça fria. Eu disse que até o dia 31 [vejo] se permanecêssemos ou vamos para uma opção nova, outro partido aliado que possa nos acomodar”, disse.
Julio diz que o MDB, que tem o deputado federal Carlos Bezerra como o presidente partidário em Mato Grosso, não é uma opção porque já tem chapa completa e com nomes fortes.
Entre as siglas que o ex-governador já conversou, estão o PSDB, que tem o deputado estadual Wilson Santos no seu quadro dirigente; o PSD, que é presidido pelo senador Carlos Fávaro e está na base de aliança do governador Mauro Mendes (União Brasil), e o PP do deputado federal Neri Geller, possível candidato ao Senado.
Julio negou que haja arestas a serem aparadas que resultem em uma saída coletiva de nomes de peso do UB. Como a possível ameaça já relatada na imprensa dele, de seu irmão e senador Jayme Campos e do deputado Dilmar Dal Bosco (União Brasil), que é presidente do Governo na Assembleia, de abandonarem novo partido.
“Há um instinto de sobrevivência” em cada candidato para conseguir atingir seus objetivos políticos e relembrou que ficou no grupo político independente do nome que levou nos últimos 50 anos.
“Não é fácil. É uma eleição com bastante candidatos e com potencial de votos exigidos muito grande. Mas é como eu disse, se depender do meu coração, eu fico onde estou. Eu fui, há 50 anos atrás, eu me filiei na Arena. Acabou a Arena, tornou-se PDS, acabou o PDS, tornou o PFL, que virou DEM e agora é União Brasil”.
União Brasil mira em nomes de médio e pequeno porte para ir a AL, diz Julio
A permanência no União Brasil, segundo o ex-governador, também tem a ver com a dificuldade de o novo partido conseguir formar uma chapa que consiga eleger até quatro deputados. Entre eles, o próprio Júlio. O ex-democrata aponta que para as cadeiras na Assembleia faltam ainda dez nomes para completar o quadro.
“Nós estamos tendo dificuldade de completar o quadro e o tempo está se esgotando. Todo mundo está no instinto de sobrevivência e vendo aonde melhor se adapta. Mas o presidente do partido, que vai ser Fábio Garcia, com os deputados e todos nós vamos fazer um esforço de conseguir atrair novos candidatos”, diz.
O que está em jogo é a quantidade de votos que o União Brasil pode puxar, independente dos nomes que vão para a chapa, para poderem conseguir levar os figurões do partido para a Assembleia.
A nova regra da legislação eleitoral aponta que somente assumirá uma vaga no legislativo (Câmara ou Assembleia) se alcançar o quociente eleitoral, que é um número encontrado pela divisão do número de votos válidos pelo número de vagas do respectivo parlamento.
A divisão era feita tomando-se a votação de cada partido dividida pelo quociente eleitoral, mas geralmente ainda sobravam vagas no parlamento para serem distribuídas aos candidatos – as chamadas sobras eleitorais.
Na prática, essa regra poderia eleger um candidato com menos votos se no mesmo partido houvesse um candidato puxador de votos, que fosse eleito com um número muito grande, carregando candidatos da mesma sigla menos votados.
A lei aprovada pelo Congresso e agora sancionada pelo presidente, em outubro do ano passado, condiciona a distribuição dessas sobras com base em um limite mínimo de votos obtidos pelo partido.
De acordo com o texto, poderão concorrer à distribuição das sobras de vagas apenas os candidatos que tiverem obtido votos mínimos equivalentes a 20% do quociente eleitoral e os partidos que obtiverem um mínimo de 80% desse quociente.
Assim, os membros do União Brasil miram em candidatos com médio e pequeno potencial de voto, que poderiam trazer mais números para a legenda e levar os nomes graúdos para a Assembleia. Em troca o UB ofertaria a visibilidade para disputarem as próximas eleições municipais em 2024.
“São candidatos com menor potencial de voto, mas que possam somar para o partido e até num projeto futuro. O cidadão, que quer ser candidato a prefeito ou vereador daqui a dois anos, seria o momento de se apresentar para o eleitorado. Ter uma votação, ajudar o partido a consolidar e um compromisso nosso de daqui a dois anos ajuda-los nas eleições municipais”, articula.
Contudo, como o próprio ex-governador disse, o tempo está se esgotando. O prazo para filiação de novos membros ou lideranças políticas ou de atrair correligionários de outras siglas termina no início de abril. A partir do mês que vem, pela legislação eleitoral, o cidadão que pretende ser candidato precisa estar filiado.