Impedidos de sair para entregar cartas e testemunhando o acúmulo de correspondências não entregues, os carteiros do Centro de Distribuição Domiciliar (CDD) de Várzea Grande, por trás do estacionamento do supermercado Big Lar, cruzarão os braços por tempo indeterminado a partir desta terça-feira,15.
Eles são os carteiros que usam as bicicletas e fizeram concurso para entregar cartas. As bicicletas foram recolhidas e eles impedidos de sair às ruas para trabalhar. O trabalho ficou precarizado ainda mais.
Com a retirada de sete carteiros da rua ocorre uma sobrecarga de serviço, segundo o Sintect-MT, para os carteiros de moto.
De acordo com . Aragão ouve aumento indiscriminado do percurso para os carteiros de motocicleta. Antes, esses saiam e faziam um percurso entre 35 a 40 quilômetros por dia, hoje estão percorrendo no mínimo 80 quilômetros por dia. Antes saiam com 90 encomendas agora saem com 240 e chega, na maioria dos casos, a 300 encomendas para um só carteiro entregar. “Isso é impraticável”, enfatiza Aragão.
Os trabalhadores explicam que a paralisação só foi decidida depois de tentarem, por diversas vezes, um diálogo com o gestor e não conseguirem nenhum avanço.
Conforme informações do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios em Mato Grosso (Sintect-MT) a ausência dos carteiros na rua trará mais transtornos para os usuários dos serviços postais que já enfrentava problemas por falta de trabalhadores.
Várzea Grande contava diariamente com 25 carteiros nas ruas. Deste total, sete que faziam entregas de bicicletas estão impedidos de sair, há cerca de mês, e a principal consequência disso é que milhares de correspondências simples e de pequeno porte ficam sem serem entregues para a população.
Correspondência simples como extrato do FGTS, senha do google, faturas que são enviados como carta simples estão todas lá estocadas, vencidas. São milhares. Eles tratam como refugo, mas na verdade foram correspondências que foram pagas pela sociedade e que não estão sendo entregues.
“Se já existia uma deficiência de trabalhadores para atender a demanda prejudicando a empresa, imagina agora com estes carteiros retirados da rua para serviço interno”, observou questionando o diretor jurídico do Sindicato, o advogado Alexandre Aragão.
As filas
Sem receber as correspondências e pequenas encomendas em casa como seria o correto, diariamente dezenas de clientes vão à porta da unidade, sem o menor conforto, formam filas enormes sob sol ou chuva, para receber sua correspondência que poderia ter sido entregue na sua casa pelo carteiro.
As consequências disso tudo é que as pessoas, com toda razão, reclamam, mas não tem noção da verdade, e acabam pondo a culpa na empresa como todo, xingando os carteiros, isso quando não partem para a agressão física, que entrega a carta com atraso.
Para o sindicato, o que impressiona é que “a gestão da unidade em nenhum momento tenha explicado para a população que reduziu o numero de carteiros na rua”.
Assim, avalia o Sindicato, pode-se dizer que só existe um culpado para essa situação: “os chefes que alegando enxugamento e reestruturação da máquina, buscando economia, reduzem o serviço de entrega na porta do cliente e coloca em risco a própria vida do carteiro”. O Sindicato tem registrado vários relatos de agressões verbal e física dos trabalhadores.
Quando o carteiro não vai pra rua, ele deixa de receber os 30% do adicional isso equivale à retirada de cerca de R$ 800,00 no salário do carteiro.”Que economia é essa? Sabemos que os grandes salários são justamente daqueles que ocupam os cargos mais elevados na hierarquia”, observou Aragão.
Aragão disse acreditar que “tudo leva a crer que essa atitude integra o grande projeto de desmonte da empresa, qual seja: destruir a excelência dos serviços postais para justificar a privatização”.
Nesta segunda-feira, de manhã, eles fizeram panfletagem, antes do início do expediente, para explicar aos trabalhadores dos outros setores e à população em geral porque haverá greve. No fim do dia quando encerra o expediente, haverá outra mobilização.