A 1ª Vara Cível Especializada em Recuperação Judicial e Falência de Cuiabá/MT deferiu o pedido de processamento da recuperação judicial à empresa União Atacado, que vem enfrentando dificuldades financeiras nos últimos 12 meses, após aumentos significativos de impostos, insumos e valor do frete devido à pandemia da Covid-19. Atualmente, a empresa acumula dívidas na ordem de R$ 45,7 milhões.
O processo de Recuperação Judicial da União Atacado, que exerce regularmente suas atividades há mais de 10 anos, está sendo conduzido pelo advogado Antônio Frange Junior. Ele explica que, ao deferir o processamento da recuperação judicial, o Juízo Recuperacional determina que todas as ações e execuções ajuizadas contra a Recuperanda sejam suspensas pelo período de 180 dias, que corresponde ao “período de blindagem” para que o empreendimento possa se reerguer no mercado. Esse prazo, contudo, poderá ser prorrogado caso a empresa recuperanda contribua para o bom andamento do processo.
“Além disso, apresentaremos um plano de recuperação judicial para aprovação em assembleia geral de credores. A União Atacado quer continuar no mercado e colaborando com a geração de emprego e renda no Estado do Mato Grosso, onde atua fortemente. A recuperação judicial é uma ferramenta legal, um recurso jurídico, que permite a empresa passar por um momento difícil, ajustando as contas até a sua reestruturação”, destaca Frange.
HISTÓRICO
A União Atacado, sediada em Cuiabá, atua no ramo de transporte desde 2000 e, a partir de 2009, entrou no setor de distribuição de bebidas, sendo que, em 2010, foi constituída a sociedade empresarial União Atacado de Alimentos e Bebidas Eireli. Já em 2014, começou a atuar no segmento não alcóolico e, em 2019, adentrou no gênero de limpeza, perfumaria e alimentícios. Chegou a ampliar a atuação pelo interior do estado e, para isso, buscou junto às instituições financeiras capital de giro e recursos para investimentos em logística própria.
CRISE COM A COVID
Nos anos de 2019 e 2020 com o surgimento da Covid-19, a União Atacado até chegou a rentabilizar suas margens e se fortalecer no mercado. No entanto, na busca desenfreada por produtos alimentícios diversos e, consequentemente, a necessidade de transportes, a empresa se viu mais uma vez apertada no quesito logístico e financeiro, fazendo com que a empresa recorresse mais uma vez a empréstimos para expandir o negócio.
“A empresa não esperava que, no mesmo período, viria uma onda de aumentos significativos nos segmentos alimentícios, logísticos, bancos (elevação de taxas), além de falta de produtos de modo geral, não somente a nível nacional, mas sim no mundo inteiro. Esta situação se agravou ainda mais nos últimos 12 meses que, além dos aumentos significativos e a falta generalizada de produtos, houve também uma queda significativa na oferta de fretes no segmento logístico, acompanhado de sucessivos aumentos no preço do óleo diesel”, finaliza Frange Júnior.