O dia 1º de março de 2022 poderia ser qualquer um das 38 rodadas do último Brasileirão. O Grêmio caiu da Copa do Brasil com a derrota por 3 a 2 para o Mirassol em uma terça-feira que foi a extensão de 2021 e acabou com mais uma marca negativa histórica para o Tricolor. O que terá repercussões no principal objetivo traçado para a temporada.
O Tricolor nunca havia sido eliminado na primeira fase da competição na qual tem cinco títulos. Mas a eliminação precoce no interior paulista não se explica apenas em uma noite. É mais um fracasso a alimentar um péssimo momento vivido pelo clube, rebaixado em 2021.
A impressão passada é que a camisa azul, preta e branca já não leva mais nenhum temor aos adversários, seja ele de qualquer tamanho ou divisão. Os anos vitoriosos, quando o Grêmio se impunha, no momento se pulverizam em memórias.
O rebaixamento volta e meia vai assombrar o elenco. A eliminação vira um eco daquela realidade. Roger fala em resgatar a “autoestima” dos jogadores – e terá trabalho para isso.
– Evidente que mais um insucesso pesa. Infelizmente, ficamos pelo meio do caminho, em uma fase que nunca tinha acontecido antes na história do clube, mas a gente precisa não só entender o que aconteceu dentro do campo, entender o momento que estamos. Reunir as forças, estar todos juntos para seguir. Porque tem outras questões à frente que precisamos estar motivados a conquistar – explicou Roger.
O baque da derrota para o Mirassol, quando um empate dava a classificação à segunda fase, aumenta mais ao olhar para o adversário. Terceiro melhor aproveitamento do Paulistão, a equipe disputará a Série C em 2022. A realidade do Grêmio será muito parecida com a enfrentada no interior paulista.
E o que foi visto em campo não inspira confiança. O time, dito por Roger, foi instável na partida e alternou momentos de controle e outros em que foi controlado. O meio-campo com Thiago Santos, Bitello e Gabriel Silva criou pouco e não protegeu a defesa.
– É muito preocupante. Mas estamos preparados para superar essas adversidades. Somos sabedores de como, quando e por que fazê-las. Estamos na segunda divisão, é dolorido. Mas temos a obrigação de virar a página e ir em busca do título gaúcho. Pentacampeonato gaúcho, diga-se de passagem – apontou o vice de futebol Denis Abrahão.
Aliás, ainda fruto de um ajuste às ideias do novo técnico, que fez seu segundo jogo apenas, o Mirassol desfilou com muita liberdade na entrada da área do Grêmio. Ali ocorreram os momentos capitais dos gols marcados pelo time paulista.
Necessidade de ajustes em prévia da Série B
O primeiro dos três gols saiu após uma combinação pela esquerda de defesa. Fabrício arriscou o chute, Brenno rebateu para frente e Camilo entrou sem marcação para aproveitar o rebote.
O segundo veio de um cruzamento também pelo lado de Nicolas. Fabrício estava livre na altura da marca do pênalti para cabecear. O terceiro saiu de lance com Camilo, pelo meio, que acionou Fabinho. O atacante entrou a dribles, passou por Orejuela, Geromel e Bruno Alves e garantiu a virada.
Mais do que os movimentos táticos em campo, a derrota terá reflexos fora das quatro linhas. Justamente o que Roger tenta agir para evitar: o abalo de um elenco já machucado pelo rebaixamento. E que tem o peso de buscar o acesso.
Nicolas deu assistências, mas teve dificuldades para conter sistema ofensivo do Mirassol — Foto: Lucas Uebel/Grêmio
A passagem por Mirassol também mostrou as primeiras gotas da Série B para o Tricolor. Voo comercial, com escala, viagens mais longas e volta para Porto Alegre apenas na noite posterior ao jogo. Uma realidade diferente das viagens fretadas recentemente para minimizar desgaste, por exemplo.
Já com o peso da eliminação nas costas, o Grêmio volta a jogar no sábado, às 16h30, contra o Novo Hamburgo, na Arena. O Tricolor é o vice-líder do Gauchão com 17 pontos. (GE)