O ataque militar da Rússia à Ucrânia mobiliza o noticiário internacional. A ofensiva bélica de Vladimir Putin contra o país vizinho é considerada a maior manobra militar desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. A invasão russa afeta diretamente o mapa geopolítico da Europa e mexe com o cenário mundial, impactando a economia e até mesmo o esporte mais popular do planeta.
O primeiro impacto foi, obviamente, sentido na própria Ucrânia. O campeonato local foi suspenso por tempo indeterminado após a invasão russa. Jogadores brasileiros do Shakhtar Donetsk e do Dínamo Kiev se refugiaram em um hotel na capital do país. Por ficar justamente em uma cidade próxima à fronteira com a Rússia, o Shakhtar se mudou de Donetsk e joga em Kiev desde 2014, quando ucranianos e russos passaram a viver uma tensão diplomática após a tomada da península da Crimeia, anexada à Rússia.
“Já acompanhamos exemplos no passado. Os times mudavam de sede quando os países eram ocupados ou se tornavam independentes. A Alemanha também passou por mudanças após a queda do Muro de Berlim”, disse Felipe Mourão, mestrando em relações internacionais na Uerj, em entrevista ao Jogada 10.
Tão logo foi anunciada a invasão à Ucrânia, os países que fazem parte da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) anunciaram sanções econômicas aos russos e isso pode ter um impacto no futebol europeu de um modo geral. Nesta quarta (24), o Manchester United anunciou a quebra de contrato unilateral com a Aeroflot, empresa aérea russa que era uma de suas patrocinadoras. O Schalke 04, da Alemanha, anunciou que não estampará mais em sua camisa a logo da Gazprom, maior empresa do ramo de gás do mundo.
“Estados Unidos e União Europeia estão impondo sanções contra os bancos russos. Isso pode influenciar indiretamente na saúde financeira dos clubes e da liga. Mas, por enquanto, não tem nenhuma ainda que possa afetar diretamente o campeonato ou clubes russos”, afirma Felipe.
Mudança de local da final da Champions
A Uefa se reuniu nesta sexta-feira (25) para decidir sobre o local da decisão da Liga dos Campeões, marcada inicialmente para o dia 28 de maio, na Gazprom Arena, em São Petersburgo. Governos de diversos países europeus pressionaram a entidade máxima do continente para mudar o local da decisão. O Stade de France, em Paris, receberá a partida. Além disso, Polônia, Suécia e República Tcheca recusaram viajar a Moscou para enfrentar os russos na repescagem para a Copa do Mundo do Qatar e cobraram uma solução imediata da Fifa e Uefa.
“A Uefa está sofrendo muita pressão porque a Gazprom é um de seus principais patrocinadores. Eles renovaram o contrato no ano passado. É uma questão delicada porque envolve o lado da razão e o lado financeiro”, ressalta Felipe. (Jogada 10)