Em resposta à invasão da Rússia na Ucrânia na última madrugada, a Fórmula 1 decidiu não realizar o GP da Rússia da temporada 2022. Em um comunicado, a categoria disse observar os desdobramentos no Leste Europeu com “tristeza e choque” e apontou o papel unificador do esporte como razão para a mudança. A prova estava marcada para 25 de setembro e ainda não tem uma substituta, mas a Turquia surge como principal candidata.
– O Campeonato Mundial da Fórmula 1 visita países ao redor de todo o mundo com uma visão positiva de unir pessoas e unificar nações. Estamos observando os acontecimentos na Ucrânia com tristeza e choque, e esperamos por uma resolução sadia e pacífica para a situação atual. Na quinta-feira de tarde a Fórmula 1, a FIA e as equipes discutiram a posição do nosso esporte e a conclusão foi que, incluindo a visão de todas as partes interessadas, será impossível realizar o GP da Rússia nas atuais circunstâncias – diz o comunicado.
A etapa está presente no calendário da F1 desde 2014, promovida no Circuito de Sochi. A cidade, palco das Olimpíadas de Inverno de 2014 (realizada no Parque Olímpico onde se localiza o autódromo) fica na costa do Mar Negro, a cerca de 1600 km da capital Moscou e 700 km das fronteiras com a Ucrânia.
Com autorização do presidente Vladimir Putin, a Rússia iniciou uma invasão à Ucrânia, pedindo que o país abra mão dos armamentos e desmonte suas forças militares. Diversos pontos do país, incluindo a capital Kiev, possuem relatos de ataques com mísseis. O presidente ucraniano Volodymyr Zenlensky adotou a lei marcial no país.
A decisão do governo russo já havia gerado consequências na F1; a Haas, equipe americana que tem o russo Nikita Mazepin como piloto, removeu o patrocínio do país de seu carro para o último dia de testes no Circuito da Catalunha, nesta sexta-feira; além disso, a participação de Mazepin na coletiva que sucedeu a parte matinal dos testes foi cancelada.
O cancelamento da etapa segue a resolução da Uefa, entidade máxima do futebol europeu, que retirou a final da Liga dos Campeões da cidade russa de São Petesburgo e elegeu Paris, na França, como nova sede.
Nikita Mazepin pilota carro da Haas, sem patrocínio e cores da Rússia, no último dia de pré-temporada da F1 2022, em Barcelona — Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images
No primeiro dia que sucedeu o início dos ataques russos na Ucrânia, pilotos como Sebastian Vettel e Max Verstappen já haviam se posicionado contra a realização do GP da Rússia.
Enquanto o atual campeão da F1 justificou ser errado promover uma corrida em um país em guerra, o tetracampeão da Aston Martin pregou boicote à etapa, garantiu que não participaria da corrida e lamentou a eclosão do conflito.
Repercussão
Equipe de Daniel Ricciardo e Lando Norris, a McLaren apoiou o cancelamento da etapa russa.
– A McLaren Racing apoia totalmente a F1 e a decisão da FIA de remover o Grande Prêmio da Rússia do calendário de corridas de 2022.
Único russo do grid e prestes a iniciar sua segunda temporada na F1, Mazepin utilizou o perfil das redes sociais para se pronunciar sobre os últimos acontecimentos:
– Aos meus fãs e seguidores – é um momento difícil e não tenho controle sobre muito do que está sendo dito e feito. Estou escolhendo focar no que POSSO controlar trabalhando duro e fazendo o meu melhor para a minha Haas. Meus mais profundos agradecimentos por sua compreensão e apoio.
A categoria segue promovendo nesta sexta-feira o último dia da primeira bateria de testes de pré-temporada no Circuito da Catalunha em Barcelona, na Espanha. A segunda bateria está agendada para os dias 10 a 12 de março, antes do início oficial da temporada, com o GP do Bahrein em 20 de março. (GE)