O Cuiabá – signatário do bloco “Forte Futebol”, que reúne dez clubes emergentes da Série A – está interessado na criação da liga. Além de externada por meio da nota desse movimento, a posição do clube cuiabano foi explicada por Cristiano Dresch, vice-presidente e proprietário do clube-empresa, em entrevista ao podcast Dinheiro em Jogo.
No episódio, o dirigente dá detalhes sobre a gestão que a família dele faz no clube-empresa há mais de uma década. Fundado em 2001 pelo ex-jogador Luís Carlos Toffoli, o Gaúcho, o Cuiabá teve patrocínio do Grupo Dresch nos primeiros anos. Em 2009, a agremiação foi comprada pela família. Desde então, ascendeu da Série D ao Campeonato Brasileiro.
Apesar dos investimentos feitos pela família Dresch e da chegada à primeira divisão, o Cuiabá enfrenta a desigualdade econômica entre clubes e as distorções do futebol brasileiro, como a existência de um calendário sobrecarregado por causa da disputa de estaduais.
– Esse ano, vamos jogar duas vezes por semana, o ano inteiro. É um absurdo para o treinador. Você não consegue treinar o time. Você joga, descansa, recupera, faz um pequeno treino e joga de novo. Não tem como ter resultados bons dessa forma. No campeonato estadual, o Cuiabá arrecada com cotas, patrocinadores e etc R$ 200 mil, entendeu? Aí você tem um Campeonato Paulista em que o Ituano vai arrecadar R$ 10 milhões – exemplifica Cristiano na entrevista ao podcast.
O motivo para a desunião dos dirigentes, até aqui, segundo o vice-presidente do clube cuiabano, é a “vaidade”. Responsáveis pelos clubes não conseguem falar a mesma língua, entre outros motivos, porque ainda acham que concorrem entre eles em assuntos extracampo.
– O Atlético-GO está lá em Goiânia, ele concorre pelo mercado de Goiás. Eu estou em Cuiabá, longe dele. Então, no futebol, a gente pode fazer essa troca de conhecimento. Nós somos concorrentes no dia do jogo. Depois, não somos mais. E existe essa coisa no futebol, essa vaidade, esse ego, dos dirigentes, principalmente, de se acharem muito. A gente não consegue falar a mesma língua.
Como exemplo para a discórdia, Cristiano lembrou do episódio ocorrido em julho de 2021, quando Mario Celso Petraglia, presidente do Athletico-PR, desentendeu-se com Guilherme Bellintani, presidente do Bahia. A reunião virtual acabou com ameaça de “tapa na cara”.
Apesar das dificuldades de relacionamento, o dono do Cuiabá acredita que a liga naturalmente acontecerá. Novos proprietários de clubes de futebol no Brasil, como John Textor no Botafogo e Ronaldo no Cruzeiro, tendem a acelerar esse processo, na visão dele.
– É um processo que naturalmente vai acontecer. Você pode ter certeza de que uma das grandes metas de quem está comprando esses clubes é que a liga venha a acontecer. No meu ponto de vista, os clubes precisam melhorar esse relacionamento, precisam falar a mesma língua, precisam sentar na mesma mesa. No ano passado, os clubes tentaram sentar numa mesa, na terceira reunião só não foram para as vias de fato porque foi virtual. Se não fosse virtual, alguém teria que separar uma briga. É por isso que o negócio não está melhor do que está. (Com GE)