Presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves usou palavras fortes para justificar a saída de Sylvinho do comando técnico da equipe, admitindo não haver mais clima para o trabalho continuar. Também citou um possível erro de avaliação ao mantê-lo de 2021 para 2022.

As declarações foram concedidas durante a gravação da edição de fevereiro do programa “Grande Círculo”, que vai ao ar no SporTV, com apresentação de Milton Leite e participações de Cleber Machado, Maurício Noriega, Ana Canhedo e Rodrigo Capelo.

– O país hoje está de mau humor, o brasileiro de modo geral. As redes sociais também vieram e, se mal usadas (e muitas vezes são), são muito prejudiciais, podem afetar a vida de muita gente. No caso do Sylvinho, a gente não fala nem de demissão: parece que foi um cancelamento, como se diz na rede social. Foi um negócio muito grande. Para mim, foi uma surpresa muito grande – declarou o presidente.

Mais adiante, Duilio destacou que a pressão não ficou restrita ao ambiente digital e também foi notada nas arquibancadas da Neo Química Arena.

– Eu nunca vi a torcida criticar algum jogador ou treinador durante o jogo em toda a minha vida. A torcida do Corinthians apoia os 90 minutos e depois pode xingar, criticar, protestar, isso é normal. Mas durante o jogo nunca vi. Isso foi uma coisa que me chamou muito a atenção e foge da pressão das redes sociais. Fora todo o resto, programas de televisão, analistas, comentaristas, torcedores, conselheiros, geral… Tomou uma proporção que nunca vi no futebol. Foi até por isso a decisão. Não era mais algo saudável para o Sylvio, para o dia a dia dele – disse o presidente, citando o jogo contra o Santos, quando a torcida vaiou o treinador antes do jogo, durante e depois.

– No futuro, as pessoas vão ver que eu estava acreditando. Sylvinho vem se preparando há anos. Existe chance de um retorno ao Corinthians, sim, sempre. A porta está aberta. Ele é um ídolo. Sabemos como as coisas são. Já vi Tite indo e voltando, Mano Menezes…

Duilio também fez uma breve autocrítica. O dirigente disse que não mudou sua convicção de dezembro para janeiro, quando havia decidido manter Sylvinho no cargo, mas admitiu que hoje em dia, analisando os fatos, não sabe dizer se errou ou não na decisão.

– Não consigo pensar em termos de arrependimento, mas isso ainda fica… Se errei, se erramos ali na decisão. Não de trazê-lo, mas de segurar de uma temporada para outra. Já que essa pressão já existia. Não desse tamanho, mas já existia. A gente acreditava no trabalho, assim como na relação com os atletas. Eram sinais do dia a dia, gostavam demais do dia a dia, do treino. Foi uma decisão, e até conversei com ele sobre isso, até pensando na história dele. Tem uma história no clube. O vejo com um grande futuro como treinador pela frente. Pelo que conheço de futebol, acho que ainda vamos ver ele dando certo em muitos clubes, e espero que no Corinthians também no futuro – disse, abrindo as portas do clube para um retorno.

Duilio também participou de um debate sobre as redes sociais e o quanto elas influenciam no comportamento do dirigente no comando do Corinthians. Para ele, a pressão virtual sempre vai existir e não pode fazer a diferença na tomada de decisão.

– Primeiro, a pressão não me preocupa. Falo de modo geral do ambiente, do clube, atletas, funcionários, o trabalho do dia a dia. Tive pressão diária, manifestações quase que diárias. Nasci aqui. Para estar aqui, não posso reclamar. Não é isso que vai me fazer tomar uma decisão. Lógico que você tem que ter um monte de observações, informações, estar lá no dia a dia, e isso eu faço – encerrou.

Sylvinho foi demitido há uma semana, após a derrota no clássico contra o Santos, pelo Paulistão. O clube ainda procura um novo nome para o cargo. Enquanto isso, o interino Fernando Lázaro é quem comanda a equipe. (GE)