Na primeira entrevista coletiva do ano, o técnico Sylvinho abordou diversos temas relacionados ao Corinthians: analisou reforços, falou sobre os sistemas táticos que pretende utilizar, explicou escolhas e adiantou alguns dos titulares para estreia do Paulistão, terça-feira, contra a Ferroviária, às 21h, em Itaquera.

A possibilidade de contratação de Diego Costa para ser o camisa 9 do Corinthians esteve em pauta, mas Sylvinho evitou entrar em detalhes da negociação. Mesmo assim, fez elogios ao ex-jogador do Atlético-MG:

– Para mim, é difícil falar de um atleta que não está conosco. É vencedor, extraordinário. Vencedor, joga em alto nível. Diretoria está trabalhando em cima de um atacante, isso já se sabe. O Brasil está buscando um atacante. Mas prefiro privilegiar o grupo e trabalhar com o que temos. Atacante de área temos o Jô. Sem ele, temos outros que podem exercer a função, com outras características. Os demais emprestam velocidade, mas não retenção, dinâmica, mas não profundidade – explicou.

Na sequência, o treinador confirmou que Mantuan começará o ano como titular, deixando Jô no banco de reservas:

– Tem treinado conosco o Mantuan, muita mobilidade, boa movimentação e vai começar o jogo na terça-feira. Jô chega atrasado, com Covid, dificilmente chega 100% na terça. Temos mostrado movimentações. Grande nível e a responsabilidade é toda nossa de colocá-lo em campo. Já avisei que vai jogar. Responsabilidade da comissão técnica.

Outro atleta que estará em campo na estreia do Paulistão é o volante Cantillo. Embora tenha sido titulares nos dois jogos-treinos disputados na pré-temporada, Gabriel começará na reserva:

– Cantillo esteve na iminência de ser convocado para a seleção colombiana. Não sabíamos da utilização nos dois ou três primeiros jogos. Não houve convocação. Lamento pelo atleta, mas vamos otimizar o atleta. Pode jogar como primeiro volante. Cantillo terminou a temporada lesionado. Ficou um mês parado. Apertamos o que podíamos, numa situação saudável, mas não conseguimos usá-lo. A tendência é (jogar) o Cantillo. Gabriel é primeiro volante de boa sustentação. Vigoroso. Cantillo inicia e vamos buscar outras alternativas não somente para essa função. Não vemos o Paulinho jogando assim. De repente, um Du Queiroz, marcador, boa chegada. Já fez em sua base a função de primeiro volante – comentou Sylvinho.

O treinador falou sobre como pensa em aproveitar Paulinho e também comentou a possibilidade de montar o Corinthians sem um primeiro volante:

– Eu acredito que atletas de grande nível podem jogar juntos todos, independente do esquema tático. Quando? O tempo vai dizer. Ciclo normal e natural. Estamos aqui para organizar e fazer as coisas bem feitas. O atleta vai se mostrando. Desmistificar outra situação: não lembro do Paulinho como primeiro volante. É o quinto maior artilheiro na função de segundo volante, a sete gols do Elias. A trajetória dele no ano seguirá sendo consistência no meio-campo, sustentação e gol. Pisou e está na área. É característica dele. Não pode tirar isso dele. Entendo as ideias. Giuliano é mais posicional, Renato já fez. Mas nenhum deles é primeiro volante. Meia vira primeiro volante, é organismo vivo. A princípio, não vemos Paulinho como primeiro volante. Vai entrar de segunda linha. Números confirmam.

Sylvinho não quis divulgar a escalação do Corinthians para enfrentar a Ferroviária porque, segundo ele, ainda precisa avaliar a condição física de alguns atletas. A tendência é que o Timão vá a campo na terça-feira com: Cássio, Fagner, João Victor, Gil e Lucas Piton; Cantillo, Paulinho (Giuliano) e Renato Augusto; Willian, Mantuan e Róger Guedes.

Veja outros trechos da entrevista coletiva de Sylvinho:

Esquema tático
– Sobre o 4-1-4-1, é isso por base, mas, nós, por exemplo, nos primeiros jogos jogamos 4-2-3-1, não sabíamos que o Cantillo, por exemplo, se fortalece mais com três. No terceiro virou um 4-1-4-1. Não estamos presos ao sistemas táticos. Guardiola fala que sistema tático é número de telefone. Atleta está por cima disso. O atleta é que coloca. Contra o Bragantino, Renato vai para primeiro, GP no meio pela direita é quase um 4-2-4. Renato fez gol. Vamos aproveitar os atletas. Sistema é o que menos importa. Desmistificar um pouco. Não somos ortodoxos.

Quer mais reforços além do camisa 9?
– Sim, (o elenco) qualificou. Esperávamos e queríamos. Muito bom. A versatilidade desses atletas estou pontuando. Bom entender como a comissão está pensando. Podem jogar bem em várias funções. O clube está buscando um 9, vamos ver o desfecho. Temos dificuldade de janela. Difícil cravar que está fechado. Não sei como dizer, é muito aberta. Permanece depois do Paulistão, vem Brasileiro, fecha em julho, com Europa é uma data, com o mundo árabe é outra. Elenco sempre em movimentação. Está 90% encaminhado e nosso elenco é esse, depois vai se pincelando. Infelizmente ou felizmente, com relação da base estamos no limite. Vimos uns cinco com boa qualidade maturando. Mas já temos Adson, Roni… Seguirão nos ajudando e crescerem. Mais difícil trazer três ou quatro. Pode ser pontual. Contratações ou empréstimos, estamos em parte final.

Titulares mais velhos. Pode ser um problema?
– Para o nosso calendário, 70 jogos é muito jogo. Temos que nos esforçar para buscar melhores condições de campeonato, o espetáculo fica melhor. É um desafio para nós. O mundo inteiro fala que o Brasil é extraordinário a nível de futebol. O calendário é difícil. Quanto mais descansados estiverem, melhores condições teremos no jogo. São extraordinários. Quando cheguei, muitos jovens, mas ainda sem projeção e um grupo que já tinha desfrutado do melhor que esse clube já disputou. Unificamos esse pilar. Todos são importantes. Vamos continuar trabalhando dessa maneira. Tanto os mais experientes, de lastro, são importantes, e os jovens também. É desafiador, mas vamos levar. Só vamos jogar o Paulista em dois meses. Impossível inciar os mesmos 11, haverão trocas naturais, cartão, micro-lesão, Covid… Unificar o grupo e entender sempre com o melhor time, equilibrado.

Luan
– Todos são tratados de forma igual. Temos respeito por todos. Multicampeão, com títulos até individuais. Tem serviço e está à disposição do grupo. Olhamos para ele como todos os atletas. O campo fala. Vai ser um calendário apertado. Os que forem saindo na frente, vão jogar. A relação é boa e seguiremos desfrutando do bom futebol.

Disputa na lateral esquerda
– Não tem time A ou B, todos estão crescendo e estamos dando campo aberto. O crescimento será em cima da competição. Quando trazemos à lateral, o Fábio tem nos dado muito. São 11 anos de clube, passou minha marca de lateral. Merece, é qualificado, inteligente. Está vivendo seus últimos anos de vida útil como atleta. Vai seguir nos ajudando, mas temos que buscar alternativas. Piton é jovem mesmo estando há anos no profissional. Terá chances. Ganhamos mais uma possibilidade com o Bruno. São características diferentes. Dois meses e dez dias, estamos voltados ao Paulista. Vamos conseguir gerenciar e ter mais possibilidades. Bruno é lateral, mas está acostumado à zaga. O atleta faz com tranquilidade a função de zagueiro. Não deixemos de pensar que pode ser usar a qualidade dele na lateral. O Piton estamos incentivando o desenvolvimento.

Condição física do Paulinho
– A princípio não tem nada. Está apto, inscrito. Vamos buscar entender em que momento o atleta volta. Hoje tivemos um treino e uns vão crescendo e cansados continuam crescendo. Já deu as coordenadas. Período grande de inatividade. São dez meses. Tem lastro e qualidade. Vamos otimizar os treinos e jogos e o quanto mais pudermos usar, melhor. Mas respeitando o quanto pode performar de forma saudável. Não conseguimos vê-lo como primeiro volante. Tem projeção para frente. Estaremos atentos com a evolução para que possa ir numa crescente. Vamos com cuidado. Com lupa, para otimizar ao máximo.

Briga de igual com os melhores do Brasil?
– Está me jogando uma projeção para abril, maio, junho… Difícil falar agora. Entendo que nós, todos, fizemos algo extraordinário. Entrar direto numa fase de grupos da Libertadores. Foi exitoso. Não sei como chegaremos em abril ou maio, mas o clube está indo numa direção muito boa. Atletas têm entendido, ambiente é bom, mas vivemos de resultados. Sobretudo em casa, foram atuações muito boa, fluência, envolver o adversário. Contra o Fortaleza, só no final conseguimos o nosso gol. Mas fomos bem. Vamos esperar chegar abril para saber onde estamos.

Reforços “sobem a régua” da exigência?
– Quando você assume como treinador do Sport Club Corinthians Paulista, a régua já é alta. Batemos um quarto ali e já fomos cobrados. Eu estou bastante contente com o cargo, feliz pelo resultado do Brasileirão. Suor e sangue que veio também para nós, trabalho e dedicação. O nível é alto. Estamos acostumados. Não gosto de deslealdade. O Corinthians tem que jogar para ganhar com garra e vontade, sim. Fomos a segunda melhor defesa do Brasileirão. Fizemos menos falta. Mais proporcionamos o jogo. Joga em pé, marca, marca, marca. Números interessantes. Qual o limite? Cada um sabe. O número é legal, mas o time não fez muito gol. Correto. Vamos buscar. O que é nobre, é função do treinador. Função de alto nível, responsabilidade. Tenho respaldo da diretoria e do presidente e nem falo dos atletas. (GE)