A “operação padrão” dos auditores fiscais da Receita Federal já atrasa em mais de 10 dias a importação de combustíveis, e as empresas responsáveis pelo serviço no país avaliam que isso pode levar ao aumento nos preços dos produtos e ao risco de “desabastecimentos pontuais”.
Em protesto pela regulamentação de um bônus de cerca de R$ 3 mil, auditores da Receita Federal fazem paralisação e operação padrão em alfândegas no país. Nesses casos, as mercadorias são liberadas com mais lentidão que em dias comuns.
Carta da Associação Brasileira dos Importadores De Combustíveis (Abicom) encaminhada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e obtida pelo GLOBO, afirma que as liberações das cargas importadas, que normalmente são processadas em um ou dois dias, já estão demorando mais de 10 dias.
A principal preocupação é no Porto de Santos. Os importadores afirmam que os atrasos nas liberações provocam maior tempo de armazenamento dos produtos nos tanques dos terminais portuários, gerando aumentos nos custos de armazenagem, e pode fazer acabar o espaço para recebimento de futuros navios.
As empresas lembram que as refinarias nacionais não têm capacidade para atender 100% da demanda dos principais combustíveis derivados do petróleo, como gasolina e diesel, sendo necessária a importação de volumes “expressivos” para garantir o abastecimento.
Leia Também
Além disso, desde o ano passado, a Petrobras não tem acatado todos os pedidos de entregas realizados pelas distribuidoras de combustíveis, o que aumenta a necessidade de importação.
“Os atrasos nas liberações dos produtos importados reduzirão a disponibilidade e oferta de combustíveis para atendimento dos pedidos das distribuidoras, potencializando o desabastecimento, durante o mês de janeiro de 2022”, afirma a carta dos importadores
“A Abicom alerta que, mantida a operação padrão ora estabelecida pelos auditores da Receita Federal, poderá ocorrer a elevação dos preços dos combustíveis oferecidos aos consumidores, com risco de desabastecimentos pontuais, ainda em janeiro de 2022”, conclui o texto.
Segundo a Abicom, há uma cobrança adicional que é paga quando o navio excede o tempo permitido para realizar as operações de descarga ou de embarque, que gira em torno de US$ 22 mil por dia por embarcação.