O aumento de casos de Covid e de influenza em todo o país começa a impactar os voos e as operações da Azul. A empresa aérea é a líder em transportes de passageiros no Brasil nos últimos 12 meses, segundo dados da Agência Nacional de Transporte Aéreo (Anac).
“Nos últimos dias, começamos a ser afetados por um alto número de dispensas médicas, tanto no grupo de voo quanto em nossos times de solo, Azulcenter [central de atendimento da empresa] e demais áreas administrativas. Por conta disso, os próximos dias serão mais desafiadores para nossa operação como um todo e já começamos a realizar alguns ajustes para enfrentar essa situação”, disse nesta quarta-feira (5) o presidente da empresa, John Rodgerson, em comunicado distribuído a funcionários a que o g1 teve acesso.
As dispensas ocorrem diante da necessidade de isolamento de tripulantes com síndromes gripais como Covid-19, em meio ao avanço da variante ômicron, e do vírus H3N2 da influenza.
O texto da Azul diz ainda que o número alto de dispensas médicas “está afetando diversos setores da economia, não só no Brasil, mas em outros países”. Rodgerson reforça o fato de a empresa não ter nenhum tripulante internado graças à vacinação e ao fato de a variante ômicron ser, aparentemente, menos agressiva que as anteriores. O presidente da Azul pede ainda para que os funcionários sigam se vacinando e tomando medidas de proteção, como uso de máscaras e protocolos de higiene.
Outro comunicado interno da empresa obtido pelo g1 aponta que ao menos 17 voos tiveram redução no número de passageiros em razão da falta de tripulantes. Em 12 voos com aviões modelo Airbus A320, segundo o informe, o número máximo de lugares foi de 150; a aeronave transporta até 174 passageiros.
Já em cinco voos com os modelos Embraer E-195, o máximo foram 100 passageiros; a capacidade do avião é de 118 passageiros.
Nesses 17 voos, o ajuste resultou na necessidade de reacomodação de cerca de 250 passageiros em outros voos.
O g1 submeteu os dois comunicados à assessoria de imprensa da Azul. A empresa disse que os clientes impactados estão sendo notificados das alterações nos voos e serão reacomodados em outros voos da companhia, além de receber a assistência prevista nesses casos pela Anac –avisar os passageiros com 72 horas de antecedência, oferecer alternativas de reacomodação ou reembolso integral.
“A Azul informa que por razões operacionais alguns de seus voos do mês de janeiro estão sendo reprogramados. A companhia registrou um aumento no número de dispensas médicas entre seus tripulantes e tem acompanhado o crescimento do número de casos de gripe e Covid-19 no Brasil e no mundo para poder tomar as medidas necessárias. Os clientes impactados estão sendo notificados das alterações e serão reacomodados em outros voos da própria companhia, além de receber toda a assistência necessária conforme prevê a resolução 400 da Anac.”
Entre as outras duas maiores empresas do setor aéreo, a Gol informou aos comissários de bordo a necessidade de medidas de proteção contra o vírus da influenza e Covid-19. “Precisamos muito fazer a nossa parte tomando todas as medidas necessárias para nos proteger”, diz texto em uma rede interna assinado por Maria Rita de Cássia Micheletto, gerente de tripulação comercial. A companhia não emitiu nenhum comunicado apontando a necessidade de modificar voos e escalas em razão de eventuais funcionários afastados. O g1 ainda não conseguiu apurar a situação na Latam.
Caos global
No mundo, o avanço da variante ômicron em meio à necessidade de isolar tripulantes potencialmente infectados levou a milhares de atrasos ou cancelamentos, a maioria deles em aeroportos dos EUA e da China, entre o Natal e o Ano Novo.
Mais de 3,6 mil voos foram cancelados em 2 de janeiro, por exemplo, segundo o levantamento do site FlightAware. O principal motivo para os cancelamentos foi o alto número de comissários de bordo, pilotos e funcionários em geral das companhias aéreas que não puderam trabalhar por estarem infectados com Covid-19.