O possível surto da síndrome mão-pé-boca, doença altamente contagiosa que ocorre com mais frequência em crianças com menos de 5 anos de idade, também tem atingido adultos em Cuiabá. A jornalista Morgana Maciel, de 27 anos, foi pega de surpresa com febre alta e o surgimento de aftas e feridas nas mãos e nos pés três dias após ter contato com uma criança diagnosticada com o vírus.
Morgana conta que a filha de um amigo, de apenas 3 anos, com quem ela teve contato no sábado (15), estava com a síndrome, mas por ser uma doença conhecida como “doença de criança”, não se preocupou em ficar longe da menina. Os primeiros sintomas em Morgana começaram a aparecer na noite de terça-feira (18).
“Eu comecei a ter os sintomas na terça-feira à noite, quando me deu um cansaço extremo e eu achei esquisito. Já na quarta-feira, eu fiquei o dia todo com febre acima de 38°C. Eu cheguei a ir na farmácia para fazer um teste de covid-19 porque já estava começando a me dar dor de cabeça e de garganta, mas deu negativo. As bolinhas começaram a surgir no meu pé na quinta-feira”, conta. A jornalista ainda afirma que além da filha do amigo, um sobrinho também pegou na escola e outros três pais também relataram que os filhos tiveram os sintomas do vírus.
A Prefeitura de Cuiabá emitiu um comunicado nesta quinta-feira (25) orientando a população sobre o aumento no número de casos da doença. A síndrome mão-pé-boca é causada pelos vírus do grupo coxsackie, que pode ser transmitido de pessoa para pessoa ou através de alimentos ou objetos contaminados. Geralmente, os sintomas só surgem após 3 a 7 dias da infecção pelo vírus e incluem febre superior a 38ºC, dor de garganta e falta de apetite. Após dois dias do surgimento dos primeiros sintomas, aparecem aftas dolorosas na boca e bolhas dolorosas nas mãos, pés e, por vezes, na região íntima, que podem coçar.
De acordo com nota técnica emitida pelo Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a transmissão se dá pela via oral ou fecal, através do contato direto com secreções de via respiratória (saliva), feridas que se formam nas mãos e pés e pelo contato com as fezes de pessoas infectadas ou através de alimentos e de objetos contaminados. Apesar de a pessoa infectada poder permanecer eliminando o vírus nas fezes após já terem desaparecido as lesões da boca, mãos e pés, o maior risco de contágio ocorre durante a primeira semana de doença.
Principais sintomas
• Febre acima dos 38ºC;
• Dor de garganta;
• Muita salivação;
• Vômito;
• Mal-estar;
• Diarreia;
• Falta de apetite;
• Dor de cabeça;
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome mão-pé-boca é feito pelo pediatra ou clínico geral por meio da avaliação dos sintomas e das manchas.
Por causa de alguns sintomas, essa síndrome pode ser confundida com algumas doenças, como a herpangina, que é uma doença viral em que o bebê apresenta feridas na boca semelhante às feridas do herpes, ou a escarlatina, em que a criança apresenta manchas vermelhas espalhadas pela pele. Por isso, o médico pode solicitar a realização de exames laboratoriais complementares para fechar o diagnóstico. Entenda mais sobre a herpangina e saiba o que é a escarlatina e principais sintomas.
Tratamento
Não há tratamento específico para a doença. Em geral, como ocorre com outras infecções por vírus, ela regride espontaneamente depois de alguns dias. Por isso, na maior parte dos casos, o tratamento é sintomático, com antitérmicos e anti-inflamatórios. Os medicamentos antivirais ficam reservados para os casos mais graves. O ideal é que o paciente permaneça em repouso, tome bastante líquido e alimente-se bem, apesar da dor de garganta. É importante que a criança não vá à escola ou à creche durante este período para não contaminar outras crianças. Os pacientes internados devem ser mantidos em isolamento.